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Sustainable Development Goals
03 Saúde e Bem-EstarCollections
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USO RACIONAL DE INIBIDORES DE FOSFODIESTERASES COMO ABORDAGEM TERAPÊUTICA PARA DOENÇA DE CHAGAS
Trypanosoma cruzi
Tratamento farmacológico
Inibidores de Fosfodiesterase
Araújo, Julianna Siciliano de | Date Issued:
2019
Advisor
Affilliation
Fundação Oswaldo Cruz. Instituto Oswaldo Cruz. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
Abstract in Portuguese
Descoberta em 1909 pelo médico sanitarista e pesquisador brasileiro Carlos Chagas, a doença de Chagas (DC) faz parte do grupo de vinte agravos conhecidos como Doenças Tropicais Negligenciadas, e é causada pelo protozoário hemoflagelado Trypanosoma cruzi. Os fármacos de referência, benzonidazol (BZ) e nifurtimox, apresentam importantes limitações, como efeitos colaterais consideráveis, eficácia limitada na fase crônica e cepas naturalmente resistentes a ambos. Neste contexto, grupos de pesquisa, incluindo os do consórcio PDE4NPD, vêm trabalhando na identificação, otimização e triagem de inibidores de fosfodiesterases (PDEs), a partir de bibliotecas comerciais focadas em PDEs humanas e baseando-se nas diferenças estruturais e funcionais das isoformas parasitárias. Mesmo com alto grau de conservação, estas enzimas, que se apresentam em cinco isoformas em tripanossomatídeos e têm como função exclusiva a hidrólise dos nucleotídeos cíclicos AMPc e GMPc, importantes mensageiros intracelulares que interferem na osmorregulação, na diferenciação, na infectividade e na sobrevida dos parasitos, o que os torna interessantes alvos para novas abordagens terapêuticas. Desta forma, o objetivo desta tese foi realizar a triagem fenotípica de inibidores de PDEs sobre T. cruzi através de estudos in vitro e in vivo. Este trabalho resultou em sete artigos, nos quais abordamos diferentes aspectos de 66 compostos distribuídos em três classes químicas: pirazolonas, ftalazinonas e imidazois Nos estudos in vitro, consideramos sobre distintas cepas e DTUs (do inglês Discrete Typing Units), a ação anti-T. cruzi, toxicidade e seletividade em relação a células de mamíferos, alterações morfológicas induzidas pelos compostos, potencial efeito sobre a fisiologia de células hospedeiras, impacto da terapia combinada dos compostos junto ao BZ, assim como a validação do alvo mensurada pelos níveis de AMPc em parasitos tratados (ou não) com os inibidores e sequenciamento das isoformas do parasito (cepas Y e Colombiana). Observamos que, com exceção dos imidazois, a maioria dos inibidores apresenta maior atividade sobre as formas intracelulares em relação aos tripomastigotas sanguíneos. Descartamos a possível ação sobre o potencial microbicida da célula hospedeira através da avaliação de efeito pré-infecção, que não resultou em redução da carga parasitária, e da análise sobre amastigotas livres, revelando manutenção da mesma faixa de atividade quando comparadas às intracelulares, o que sugere várias hipóteses: diferenças metabólicas entre as duas formas, cujo biometabolização é mais intensa nas formas proliferativas em relação aos tripomastigotas, e como mostrado presentemente de modo inédito, amastigotas exibem superior efluxo de AMPc, em comparação a formas sanguíneas, além de algumas diferenças acerca da expressão das isoformas de PDEs. Estes fatores podem resultar nos diferentes perfis de susceptibilidade à maioria dos compostos, sendo mais potentes sobre amastigotas Contudo, apesar de não levar à lise das formas sanguíneas, os compostos induziram profundas alterações morfológicas e de viabilidade nos parasitos, gerando impacto em seu potencial infectivo. O candidato mais promissor, a pirazolona NPD-227, foi direcionada para os ensaios in vivo de toxicidade aguda e de eficácia sobre modelos murinos. Confirmamos a baixa toxicidade deste inibidor com NOAEL (do inglês non-observed adverse effects level) de 400 mpk. Sua ação sobre a infecção experimental aguda por T. cruzi, em esquemas de monoterapia e sob co-administração com BZ, revelou um efeito significativamente superior do combo quando comparada à monoterapia, tanto nos níveis de parasitemia como na sobrevida dos animais. As isoformas humanas de PDE desfrutam de uma longa história como alvos farmacológicos para um amplo espectro de condições clínicas e essa realocação de know-how e tecnologia, oferece novas oportunidades para identificação de candidatos terapêuticos para a DC.
Abstract
Discovered in 1909 by the Brazilian physician and researcher Carlos Chagas, Chagas disease (DC) is part of the group of twenty pathologies known as Neglected Tropical Diseases, and is caused by the hemoflagellate protozoan Trypanosoma cruzi. The reference drugs benznidazole (BZ) and nifurtimox have important effects, such as considerable side effects, limited efficacy in the chronic phase and strains naturally resistant to both. In this context, research groups, including the PDE4NPD consortium, have been working on the identification, optimization and screening of phosphodiesterase inhibitors (PDEs) from commercial libraries focused on human PDEs and based on structural amd functional differences of parasitic isoforms. Even with a high degree of conservation, these enzymes, which are present as five isoforms in trypanosomatids and have as exclusive function the hydrolysis of cyclic nucleotides cAMP and cGMP, important intracellular messengers that interfere with osmoregulation, differentiation, infectivity and parasite survival, which turns them in interesting for new therapeutic approaches. Thus, the aim of this research was to perform a phenotypic screening of PDE inhibitors on T. cruzi through in vitro and in vivo studies. This work resulted in seven articles, in which we approached different aspects of 66 compounds distributed in three chemical classes: pyrazolones, phthalazinones and imidazoles In the in vitro studies, we considered different strains and DTUs (Discrete Typing Units), an anti-T. cruzi activity, toxicity and selectivity towards mammalian cells, compound-induced morphological changes, potential effect on host cell physiology, impact of compound combination therapy with BZ, as well as target validation measured by cAMP levels in parasites treated (or not) with inhibitors and sequencing of parasite isoforms (Y and Colombiana strains). We observed that, except for imidazoles, most inhibitors show greater activity on intracellular forms than blood trypomastigotes. We ruled out a possible action on the microbicidal potential of the host cell through pre-infection effect evaluation, which did not result in parasitic load reduction, and free amastigote analysis, revealing the maintenance of the same activity range when compared to intracellular ones. It suggests several hypotheses: metabolic differences between the two forms, whose biometabolization is more intense in the proliferative forms in relation to trypomastigotes, and as currently shown unprecedentedly, amastigotes exhibiting superior efflux of cAMP compared to bloodstream forms, besides some differences regarding expression of PDE isoforms. These factors may result in different susceptibility profiles for most compounds, being more potent over amastigotes However, although they do not lead to the lyses of trypomastigotes, the compounds profoundly induce morphological changes in parasites, impacting their infectious potential. The most promising candidate, the pyrazolone NPD-227, was conducted to in vivo acute toxicity trials and to approach murine models. We confirmed the low toxicity of this inhibitor with NOAEL (non-observed adverse effects level) of 400 mpk. Its action on acute experimental T. cruzi infection, in monotherapy regimens and under co-administration with BZ, revealed a superior effect of combo approach when compared to monotherapy, both in parasitemia and animal survival levels. Human PDE isoforms enjoy a long history as pharmacological targets for a broad spectrum of clinical conditions and this reallocation of know-how and technology offers new opportunities for identifying therapeutic candidates for a CD.
Keywords in Portuguese
Doença de ChagasTrypanosoma cruzi
Tratamento farmacológico
Inibidores de Fosfodiesterase
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