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https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/44433
ESTUDO SOBRE AS CONDIÇÕES DE VIDA, TRABALHO E SAÚDE DE TRABALHADORES AGRÍCOLAS NO BRASIL: UMA ANÁLISE DOS DADOS DA PESQUISA NACIONAL DE SAÚDE, 2013
Agroquímicos
Doenças não Transmissíveis
Inquéritos Epidemiológicos
Nogueira, Fernanda de Albuquerque Melo | Date Issued:
2020
Advisor
Affilliation
Fundação Oswaldo Cruz. Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
Abstract in Portuguese
Introdução: A agricultura brasileira é uma atividade econômica que gera receitas para o Brasil na ordem de bilhões de dólares realizada por 15 milhões de trabalhadores. Porém, o País ocupa o primeiro lugar no ranking mundial de uso de agrotóxicos com aumentos progressivos nos últimos dez anos associados ao crescimento da incidência de intoxicações por agrotóxicos na população. Pesquisadores evidenciaram que este modelo agrícola químico-dependente gera danos ambientais, adoecimento da população agrícola e efeitos sociais negativos. Objetivos: 1) reunir evidência científica relevante sobre os principais agravos à saúde associados à exposição ocupacional aos agrotóxicos; 2) comparar as condições de vida, de trabalho e o acesso aos serviços de saúde, entre trabalhadores brasileiros agrícolas e não agrícolas; 3) comparar o padrão de adoecimento, de estilos de vida e de saúde bucal entre trabalhadores brasileiros agrícolas e não agrícolas. Métodos: Foram desenvolvidos três artigos. O primeiro artigo consistiu em uma revisão de literatura de estudos publicados entre 2000 e 2017, nas bases bibliográficas: Pubmed, Embase e Lilacs. Estabeleceu-se como critérios de elegibilidade: a) estudos observacionais; b) população de trabalhadores agrícolas; c) exposição ocupacional a agrotóxicos; d) desfecho, definido como agravos à saúde; e) uso de testes estatísticos para comparação de expostos com não expostos; f) idiomas inglês, português ou espanhol. O segundo e o terceiro artigo foram desenvolvidos com os dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS, 2013) com uma amostra representativa da população ocupada, classificada em trabalhadores agrícolas (n=3755) e não agrícolas (n=33300) Para o segundo artigo utilizaram-se variáveis sobre condições de vida e trabalho, sóciodemográficas, econômicas e de acesso aos serviços de saúde. E para o terceiro artigo foram analisadas morbidades autorreferidas, variáveis de estilos de vida e saúde bucal. Em ambos os artigos empregaram-se testes estatísticos para comparar as proporções entre os trabalhadores agrícolas e não agrícolas, considerando-se o desenho complexo da amostragem. No artigo três, calcularam-se as prevalências brutas e padronizadas por idade e sexo para as DCNT e seus IC. Resultados: No primeiro artigo foram identificados 132 estudos (21 no EMBASE, 45 na LILACS e 66 no PUBMED). Destes, 54 publicações foram elegíveis e, posteriormente, foram adicionados cinco estudos totalizando cinquenta nove manuscritos (33 estudos transversais, 22 de coorte e 04 caso-controle). Os estudos revelaram associações significativas entre exposição aos agrotóxicos e condições subclínicas, doenças crônicas e sinais e sintomas de envenenamento em trabalhadores agrícolas. No artigo segundo, os trabalhadores agrícolas apresentaram piores condições de vida, menor poder aquisitivo, maior exposição à radiação solar e agentes químicos e maior frequência e gravidade de acidentes de trabalho em comparação aos não agrícolas. A população agrícola teve maior cobertura da ESF, buscou atendimento médico no SUS para tratar doenças, enquanto a não agrícola, buscou atendimento médico privado para ações preventivas O terceiro artigo revelou que os trabalhadores agrícolas, em comparação aos não agrícolas, apresentaram maior prevalência de problemas na coluna e menor de asma/ bronquite. Para as outras DCNT não houve diferenças significativas. Os trabalhadores agrícolas, em relação aos não agrícolas, relataram maior proporção de autoavaliação de saúde (AAS) não boa, de limitação das atividades habituais por doença crônica de longa duração e maior número de DCNT. Em relação aos estilos de vida, os trabalhadores agrícolas apresentaram maiores prevalências de tabagismo e inatividade física no lazer, menor consumo de FLV, proporção alta de excesso de peso e obesidade, quando comparados aos não agrícolas. Quanto à saúde bucal, ocorreu maior percentual de AAS bucal não boa, menor frequência de escovação de dentes e maior perda dentária nos trabalhadores agrícolas, quando comparados aos não agrícolas. Conclusão: a população agrícola é negligenciada quanto às ações para melhoria das condições de vida, possui piores condições de trabalho, porém com padrão de adoecimento semelhante às populações não agrícolas. Tais achados indicam a necessidade de se atuar sobre as determinações do processo saúde-doença com a finalidade de promover e proteger a saúde desse grupo de trabalhadores. Igualmente importante é promover a vigilância da saúde da população agrícola por meio de inquéritos periódicos que coletem informações sobre a exposição aos agrotóxicos, morbidade referida, além de exames laboratoriais de genotoxicidade que possam medir condições subclínicas.
Abstract
Introduction: Brazilian agriculture is an economic activity that generates revenues for Brazil in the order of billions of dollars performed by 15 million workers. However, the country occupies the first place in the world ranking of pesticide use with progressive increases in the last ten years associated with the increasing incidence of pesticide poisoning in the Brazilian population. Researchers have shown that this chemical-dependent agricultural model has generated environmental damages, illness of the agricultural population and negative social effects. Objectives: 1) to gather relevant scientific evidence on the main health problems associated with occupational exposure to pesticides; 2) to compare living and working conditions and access to health services between Brazilian agricultural and non-agricultural workers; 3) to compare the pattern of illness, lifestyle and oral health between Brazilian agricultural and non-agricultural workers. Methods: Three articles were developed. The first article consisted of a literature review of studies published between 2000 and 2017, in the bibliographic bases: Pubmed, Embase and Lilacs. Eligibility criteria were: a) observational studies; b) population of agricultural workers; c) occupational exposure to pesticides; d) outcome, defined as health problems; e) use of statistical tests to compare exposed with unexposed; f) English, Portuguese or Spanish languages. The second and third article were developed with data from the National Health Survey (NHS, 2013) from a representative sample of the Brazilian employed population, classified into agricultural (n=3755) and nonagricultural workers (n=33300) For the second article, variables on living and working conditions, socio-demographic, economic and access to health services were used. And for the third article, self-reported morbidities, lifestyles and oral health variables were analyzed. In both articles, statistical tests were used to compare the proportions among the agricultural and non-agricultural populations, considering the complex sampling design. In article three, the crude and age-standardized prevalence rates for NCDs and their CIs were calculated. Results: In the first article, 132 studies were identified (21 in EMBASE, 45 in LILACS and 66 in PUBMED). Of these, 54 publications were eligible and subsequently five studies were added totaling fifty-nine manuscripts (33 cross-sectional studies, 22 cohort studies and 04 casecontrols). The studies revealed significant associations between exposure to pesticides and subclinical conditions, chronic diseases, and signs and symptoms of poisoning in agricultural workers. In the second article, agricultural workers had worse living conditions, lower purchasing power, greater exposure to solar radiation and chemical agents and higher frequency and severity of occupational accidents compared to non-agricultural workers. The agricultural population had greater coverage of the FHS, sought medical care in SUS to treat diseases, while the non-agricultural, sought private medical care for preventive actions. The third article revealed that agricultural workers, compared to non-agricultural workers, had a higher prevalence of back problems and lower asthma / bronchitis. For the other NCDs there were no significant differences. The agricultural workers in relation to non-agricultural workers reported a higher proportion of non-good self-rated health (SRH), limitation of usual activities due to long-term chronic disease and reported a higher number of NCDs Relative to lifestyles, the agricultural workers showed higher prevalence of smoking and leisure-time physical inactivity, lower fruits and vegetables consumption, a high proportion of overweight and obesity, when compared to non-agricultural workers. Regarding oral health, there was a higher percentage of non-good oral SRH, lower frequency of tooth brushing and greater tooth loss in agricultural workers when compared to non-agricultural workers. Conclusion: The agricultural population is neglected in terms of actions to improve life, has worse working, but with a pattern of illness similar to that of non-agricultural populations. Such findings indicate the need to act on the determinations of the health-disease process in order to promote and protect the health of this group of workers. Equally important is to promote the health surveillance of the agricultural population through periodic surveys that collect information on exposure to pesticides, referred morbidity, in addition to laboratory tests for genotoxicity that can measure subclinical conditions.
Keywords in Portuguese
Saúde da População RuralAgroquímicos
Doenças não Transmissíveis
Inquéritos Epidemiológicos
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