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https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/46332
Type
DissertationCopyright
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Sustainable Development Goals
03 Saúde e Bem-EstarCollections
Metadata
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DEPRESSÃO: UMA EPIDEMIA?
Pastori, Thayana Adrien Neves | Date Issued:
2020
Alternative title
Depression: an epidemic?Advisor
Co-advisor
Affilliation
Fundação Oswaldo Cruz. Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
Abstract in Portuguese
A depressão tem ganhado grande atenção e sido tema de discussões na área da saúde nos últimos anos. Veículos de comunicação divulgam números de diagnósticos de depressão crescentes na última década. Os registros epidemiológicos da Organização Mundial da Saúde notificam que 5,8% da população brasileira apresenta o diagnóstico de depressão, dado que coloca o país na segunda posição no continente americano no que diz respeito a número de deprimidos. De acordo com o Ministério da Saúde, ancorado na Associação Americana de Psiquiatria, a depressão é um transtorno mental com variações em termos de características predominantes, duração e intensidade. Este trabalho visou problematizar a suposta epidemia de depressão presente no Brasil e no mundo, analisando os principais aspectos envolvidos de acordo com a literatura existente sobre o tema. Trata-se de um fenômeno complexo e multifacetado que é atravessado por dinâmicas de forças políticas, econômicas, sociais e históricas, considerando a afirmação da psiquiatria biológica, a ascensão da indústria farmacêutica, o domínio do discurso biomédico e os imperativos sociais disseminados nos dias de hoje. Foi constatado que a forma como a depressão é encarada e identificada está intimamente ligada à cultura vigente, o que gera impactos decisivos nas práticas de cuidado. A concepção de saúde mental está sendo cada vez mais vinculada à ótica biológica em detrimento da contextual. A ampliação das categorias diagnósticas e seu patamar de verdade absoluta comprometem as possibilidades de vida que não sejam patologizadas e medicalizadas. Perde-se então as nuances que envolvem o sofrimento psíquico como parte da existência, acentuado pela ordem atual de exposição nas mídias e parâmetros de produtividade, consumo e performance que estimulam a competição e a individualidade, podendo produzir subjetividades esvaziadas e solitárias. Por conseguinte, a responsabilização dos indivíduos pela manutenção de sua própria saúde ausenta o Estado e as condições sociais como parte do processo saúde e doença. Portanto, a ideia de epidemia associada à depressão pode promover a homogeneização do que é, na verdade, individual e singular, e reduzir a complexidade do sofrimento psíquico a uma categorização patológica.
Abstract
Depression has gained more and more attention and been the subject of discussions in the health field in recent years, and media outlets report a growing number of depression diagnoses in the past decade. The epidemiological records of the World Health Organization report that 5.8% of the Brazilian population present depression diagnosis, placing the country second in the Americas in terms of numbers of depressed people. According to the Ministry of Health and the American Psychiatric Association, depression is a mental disorder with variations in terms of predominant characteristics, duration, and intensity. This study focused on problematizing the supposed depression epidemic by analyzing its main aspects according to the existing literature. It is a complex and multifaceted phenomenon that is traversed by political, economic, social, and historical dynamics that must be considered, such as the affirmation of biological psychiatry, the rise of the pharmaceutical industry, the domain of biomedical discourse and the social imperatives disseminated nowadays. It was found that the way depression is viewed and identified is closely linked to the current culture, which generates decisive impacts on care practices. The concept of mental health is increasingly associated with the biological perspective at the expense of the contextual one. The diagnostic categories expansion and its level of absolute truth compromise life possibilities that are not pathologized and medicalized. This results in the loss of nuances that involve psychological suffering as part of existence, marked by current exposure in social media and parameters of productivity, consumption, and performance that stimulate competition and individuality and can produce empty and lonely subjectivities. Consequently, the responsibility of individuals for maintaining their health is absent from the State and social conditions as part of the health and disease process. Therefore, the idea of an epidemic associated to depression can promote the homogenization of what is unique and individual and reduce the complexity of psychological suffering to a pathological categorization.
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