Estudo dos efeitos dos polimorfismos CHRNA5, CHRNA3 e TaqIA no comportamento do tabagismo em brasileiros, residentes em Campos Elíseos, Duque de Caxias, RJ

Abstract

O tabagismo é um grave problema de Saúde Pública, considerado a principal causa de morte evitável no mundo. A nicotina presente no cigarro estimula a liberação de dopamina, que é o neurotransmissor chave na dependência tabágica devido ao seu papel nos mecanismos de recompensacerebral. Desta forma, genes que afetam a atividadee/ou expressão de proteínas associadas àtransmissão dopaminérgica podem exercer influência no comportamento do taba-gismo.Oobjetivo desta tese foi investigar o efeitodos polimorfismos dos genes dos receptores nicotínicos,CHRNA5rs16969968 e CHRNA3rs578776,e do receptor de dopamina,TaqIArs1800497no comportamento do tabagismoem brasileiros residentes no distrito de Campos Elíseos, Duque de Caxias, RJ. Para alcançar os objetivosforam avaliados 449 indivíduos, sendo 66,4% Nunca fumantes, 12,2% Fumantes atuais e 21,4% Ex-fumantes. O trabalho realizado possibilitou a redação de três artigos,que compõem esta tese. O primeiro artigofoi uma revisãointegrativa que avaliou a variabilidade genética na neurobiologia do tabagismo e seus efeitos no comportamento tabágico. Foi observada a relevância de polimorfismos em genes relaciona-dos ao sistema de recompensa dopaminérgico(CYP2A6, CHRNs, DRDs, SLC6A3, DBH, COMT, MAO)e a influência sobre as características tabágicas,comonúmero de cigarros con-sumidos, grau de dependência, idade de iniciação e chance de cessação. Combinações entre genótipos de diferentes polimorfismos também se destacaram, mostrando que interações gêni-cas podem determinar um perfil genético de predisposição ao vício. Osestudossubsequentesforam do tipo transversale avaliarama associação entre os polimorfismos selecionados e taba-gismo, utilizando como testes estatísticos, regressão logísticaelinear ajustadas por variáveis de confundimento. O segundo artigo, que investigou o efeito do polimorfismo TaqIA, revelou que o alelo variante Testava associado à idade deinício do tabagismo mais tardia em comparação a CC(16,97 vs. 15,09; IC 95%: 15,75-18,19; p= 0,02). O alelo T também foi associado àmaior chance de cessação em mulheres (OR= 3,17; 95% IC: 1,06-9,45; p=0,04). O terceiro artigo, que avaliou o efeito dos polimorfismos CHRNA5rs16969968 e CHRNA3rs578776, mostrou que mulheres portadoras do genótipo variante AA do CHRNA5 tinham um risco aumentado de serem fumantes (OR: 3,09; IC 95%: 1,09-8,76; p= 0,033). O genótipo variante TT de CHRNA3 mostrou proteção contra o tabagismo na população total e no grupo feminino (OR: 0,41; IC 95%: 0,19-0,88; p=0,022). O gênero e a etnia são fatores que interferiram no efeito dos poli-morfismos estudados sobre o tabagismo. Os dados da presente tese podem contribuir para um melhor entendimento da influência genética no comportamento tabágico e para melhoria dos tratamentos de cessação disponíveis.