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https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/48342
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ThesisCopyright
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Sustainable Development Goals
03 Saúde e Bem-Estar04 Educação de qualidade
08 Trabalho decente e crescimento econômico
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TRAJETÓRIA DE FORMAÇÃO DOS TRABALHADORES DE SAÚDE MENTAL DO MUNICÍPIO DE BETIM/MG: EXPERIÊNCIA DE EDUCAÇÃO PERMANENTE EM SAÚDE
Faria, Dirley Lellis dos Santos | Date Issued:
2020
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Affilliation
Fundação Oswaldo Cruz. Instituto René Rachou. Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva. Belo Horizonte, MG, Brasil.
Abstract in Portuguese
A Reforma Psiquiátrica foi um movimento mundial de luta por transformações nas práticas de atenção ao sofrimento mental que, a partir da década de 60, se desdobrou em experiências concretas em diversos países. Experiências de desospitalização, mas,principalmente, a experiência italiana de desinstitucionalização,trouxeram novos parâmetros e conhecimentos para o cuidado das pessoas. É ness econtexto de mudanças e de novas formas de organizar o trabalho em saúde a partir da Reforma Sanitária que se constituiu também a Reforma Psiquiátrica brasileira. O município de Betim/MG participou ativamente do processo de mudança do sistema de saúde, criando em 1994 serviços substitutivos ao manicômio, e vem sustentando há 26anos a proposta de um cuidado em liberdade.A criação desses serviços trouxe inúmeros desafios, entre eles, a formação de seus trabalhadores. Frente a esse desafio foi necessáriaa formação nos próprios serviços. O presente estudo busca compreender criticamente esse fenômeno, a partir da trajetória dos trabalhadores de Saúde Mental do município. Foi realizada uma pesquisa qualitativa, orientada pelo referencial teórico-metodológico da hermenêutica-dialética. Os instrumentos de coleta de dados foram as entrevistas narrativas e o grupo focal.Com a análise das narrativas dos participantes da pesquisa constatamos que o modelo de Atenção Psicossocial trouxe novas formas de organização dos serviços em saúde mental, que tem sido desenvolvido por equipes multidisciplinares, numa proposta de trabalho interprofissional. Compreendemos que seus profissionais aprenderam a trabalhar a partir do trabalho coletivo e de alguns dispositivos, tais como:reuniões, fóruns eoficinas. Foram atores ativos, promovendo seminários e encontros diversos,bem como tiveram, em certos momentos, supervisões clínico-institucionais. A integração ensino-serviço também favoreceu a formação de todos os envolvidos no processo.Os profissionais puderam reconstruir lugares identificatórios distintos de suas categorias específicas, se reconhecendo como trabalhadores da Saúde Mental(SM). O cuidado desenvolvido demandou saberes múltiplos, desde saberes técnicos diversos até aqueles construídos a partir da intuição, do contato direto com os usuários, das experiências trazidas pela vida. Embora reconheçam que o trabalho em equipe e os dispositivos de reflexão coletiva são essenciais para sustentação do modelo psicossocial, enfrentam desafios para mantê-los, o que compromete o cuidado.Percebemos o quanto os profissionais de Betim estão implicados ética e politicamente com a proposta da Atenção Psicossocial, embora vivam condições difíceis de sustentar o trabalho com qualidade.Os inúmeros desafios que se têm enfrentado devido à falta de investimentos na saúde pública, bem como o acirramento das desigualdades sociais acentuando os problemas de saúde mental, têm levado ao desgaste das relações entre os trabalhadores, bem como ao seu adoecimento. Podemos afirmar que esses trabalhadores vivenciaram efetivamente a Educação Permanente em Saúde(EPS)conforme preconizado pela Política Nacional de Educação Permanente em Saúde (PNEPS), considerando o trabalho como lugar de aprendizagem e de interação dos profissionais entre si e com os usuários como dispositivos dos processos educacionais.No entanto, a EPS por si só não garante transformações nos serviços, sendo necessárias mudanças estruturais na saúde e na sociedade.
Abstract
The Psychiatric Reform was a worldwide movement to fight for changes in the practices of attention to mental suffering that, from the 1960s onwards, unfolded into concrete experiences in several countries. Experiences of dehospitalization, but,mainly, the Italian experience of deinstitutionalization,brought new parameters and knowledge for the care of people. It is in this context of changes and new ways of organizing health work from the Health Reform that the Brazilian Psychiatric Reform was also formed. The municipality of Betim/MG actively participated in the process of changing the health system, creating in 1994 services that substitute the asylum, and has been supporting the propositionof free care for 26 years. The creation of these services brought numerous challenges, including the training of its workers. Faced with this challenge, training in the services themselves was necessary. The present study seeks to critically understand this phenomenon, based on the trajectory of mental health workers in the municipality. The methodological framework was based on qualitative research guided by hermeneutics-dialectics. The data collection instruments were narrative interviews and a focus group. With the analysis of the narratives of the research participants, we found that the Psychosocial Care model brought new forms of organization of mental health services, which has been developed by multidisciplinary teams, in a proposal for interprofessional work. We understand that its professionals learned to work from collective work and some devices, such as: meetings, forums etworkshops. They were active actors, promoting various seminars and meetings,as well as, at certain times, had clinical-institutional supervision. The teaching-service integration also favored the training of all those involved in the process. The professionals were able to reconstruct identifying places distinct from their specific categories, recognizing themselves as mental healthcareworkers. The care developed demanded multiple knowledge, from different technical knowledge to that built from intuition, from direct contact with users, from the experiences brought by life. Although they recognize that teamwork and collective reflection devices are essential to support the psychosocial model, they face challenges to maintain them, which compromises care. We realize how much the Mental Healthprofessionals of Betim are ethically and politically involved with the Psychosocial Care proposal, although they are experiencing difficult conditions to sustain quality work. The countless challenges that have been faced due to the lack of investments in public health, as well as the worsening of social inequalities,accentuating the problems of Mental Health, have led to the erosion of the relationships between workers, as well as their illness. We can affirm that these workers actually experienced Permanent Health Education as recommended by National PolicyPermanent Health Education, considering work as a place of learning and the interaction of professionals among themselves and with users as devices of the educational processes. However, alonePermanent Health Educationdoes not guarantee changes in services, requiring structural changes in health and society.
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