As narrativas por trás das fake news : uma ameaça que tem interferido na decisão de vacinar

Abstract

O presente estudo teve por objetivo discutir o porquê das narrativas das Fake News interferirem na decisão dos sujeitos de se vacinar. É importante abordar esse assunto, tendo em vista que houve uma queda da cobertura vacinal e um dos fatores que tem contribuído é uma crescente disseminação de notícias falsas na Internet relacionadas a esse tema. A velocidade da Internet, o acesso amplo e democrático e as redes sociais têm favorecido a disseminação de fake News, constituindo um desafio para os cientistas, profissionais da saúde e da educação. Assim, o caminho metodológico consistiu na realização de um levantamento de artigos sobre a temática fake News e vacinas. Foram também buscados e selecionados vídeos na rede social Youtube, também sobre a temática supracitada e um levantamento dos comentários nestes vídeos. Os comentários postados nos vídeos do site YouTube mostram que essas notícias faltas têm adquirido maior adesão a partir do momento que a ciência vem perdendo a credibilidade deixando lacunas para o surgimento de verdades baseadas em evidências de experiências pessoais e/ou na crença/fé. As experiências pessoais são obtidas por meio da vivência ou pelas redes sociais que harmonizam uma familiaridade, mesmo sem o contato físico, em função de apresentar rostos e relatos aconchegantes tornando o outro, total desconhecido, como amigo. A verdade baseada nas crenças é confortável por ser uma verdade, na qual se quer acreditar. A única forma de modificar estes cenários perpassa por uma educação, segundo Paulo Freire, libertária e autônoma para que o sujeito seja capaz, ao participar ativamente de sua formação cidadã, de reconhecer essas notícias falsas pela apropriação do conhecimento. Os resultados encontrados na pesquisa também levantam a escassez de estudos no que concerne a relação à adesão das fake News, os diversos diálogos por trás dessa significação e a dificuldade que a ciência tem de romper esse muro de isolamento com a população. Reconhece-se que as redes sociais possam ser utilizadas como recurso de acesso ao conhecimento, porém é necessário se pensar em estratégias de divulgação científica e formação inicial e continuada para capacitar os cidadãos a desenvolverem a criticidade necessária para articular saberes e senso comum com as ciências.