Proposta de diagnóstico da situação de segurança ou insegurança alimentar e nutricional em comunidade ribeirinha no Acre

Abstract

Atualmente mais da metade da população mundial sofre algum problema de nutrição, seja por deficiência ou excesso. A Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) está presente no cotidiano enquanto fenômeno social da alimentação humana. Somando-se a exclusão da região Norte rural ao cenário epidemiológico nacional, constata-se o vazio de informações científicas a respeito das condições de saúde, nutrição e sobrevivência dessas populações. Existem 18 milhões de domicílios com insegurança alimentar (IA) no país, no Acre 59% dos domicílios apresentaram situação de IA segundo a PNAD. O Governo do Acre não dispõe de indicadores sobre a situação de insegurança alimentar da sua população ribeirinha. A partir de um diagnóstico da situação de IA de populações ribeirinhas poderão ser elaboradas políticas locais de segurança alimentar para que se criem condições favoráveis às iniciativas voltadas a agregação de valor e melhoria da qualidade dos produtos dessas comunidades, como forma de promover sua economia e ampliar a oferta de alimentos consumidos. A escala de mensuração da IA do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos da América (USDA) têm sido utilizada desde a década de 1990. Essa escala foi adaptada no Brasil pela Universidade Estadual de Campinas, por se considerar necessário que o estado brasileiro tivesse medidas diretas da insegurança alimentar capazes de refletir as possibilidades de acesso aos alimentos vivenciadas pelas famílias brasileiras. A partir desse trabalho dispõe-se no Brasil da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA), de instrumento de pesquisa cientificamente testado para avaliar, monitorar e acompanhar as condições de segurança alimentar da população e os impactos nas famílias das políticas sociais de combate à fome. Esse instrumento poderá ser utilizado em inquéritos nacionais e em pesquisas locais. A compreensão dos aspectos culturais cria uma nova perspectiva analítica para estudos da eficácia da SAN, para além do campo explicativo e normativo do modelo biomédico. Os aspectos socioculturais da alimentação são recorrentes do caráter interdisciplinar da SAN, que associa alimentação e nutrição a outros elementos do cotidiano, inserção da família no processo produtivo, escolaridade, acesso à saúde etc. As expressões cognitivas dos povos tradicionais configuram-se como ricos conhecimentos do mundo natural Na diversidade alimentar regional, a tendência é manter tradições e incorporar novos valores, para ressignificar as inscrições simbólicas dos alimentos. O desenvolvimento de pesquisas com abordagens que coadunem investigação da IA e seus determinantes sociais a partir de metodologia quantitativa como a EBIA e identificação dos determinantes e significantes dessas formas de IA, através de abordagem qualitativa, resultará numa contribuição consistente para o conhecimento acerca das relações entre os dados epidemiológicos e etnográficos encontrados e a situação posta, possibilitando a promoção do direito humano à alimentação, como forma de garantir Segurança Alimentar e Nutricional para essa população que queremos estudar.