A reinternação psiquiátrica no Hospital São Vicente de Paulo - Distrito Federal na perspectiva do paciente

Abstract

No contexto brasileiro, quase 20 anos após a publicação da Política Nacional de Saúde Mental (Lei nº 10.216 de 2001), ainda se faz necessário lidar com alguns desafios, dentre eles a reinternação em hospitais psiquiátricos. O Distrito Federal- DF, campo de estudo deste trabalho, conta com uma rede de atenção à saúde mental que inclui um hospital psiquiátrico de referência, o Hospital São Vicente de Paulo - HSVP. A partir da experiências de uma das autoras, trabalhadora do acolhimento do HSVP observou-se uma demanda crescente de identificação de usuários que necessitam de tratamento imediato (urgência e emergência), observou-se também um fluxo de circulação desordenado nas portas do Pronto Socorro, com um histórico de pacientes em quantidade e frequência que recebem alta e retornam ao hospital em pouco tempo. Este trabalho tem como objetivo analisar ocorrências de reinternações psiquiatricas, a partir do ponto de vista de um recorte de pacientes reiternantes no Hospital São Vicente de Paulo no momento da realização da pesquisa. O questionamento que motivou a realização deste estudo foi: Quais são os motivos que têm feito com que os Usuários com sofrimento psíquico do DF (e entorno), vem buscando com frequência o processo de reinternação no Hospital São Vicente de Paulo? Para a coleta de dados, foi realizado um grupo focal com usuários que tenham reinternado no HSVP tendo como pergunta disparadora: O que na sua opinião motivou a internação atual? E a anterior? Durante a realização do GF, pode-se observar que todos os participantes tiveram algum contato com outros serviços de saúde diferentes do hospital psiquiátrico, porém o HSVP é, para eles, referência para a atenção às crises. Sobre os resultados do Grupo focal, o que se pode concluir sobre a relação dos usuários com o HSVP, é que este é para eles um local de acompanhamento. Os pacientes são internados sem consentimento, sem possibilidade de decidir quando sair e que as reinternações ocorrem por motivos alheios a eles. Os pacientes com as outras formas de acompanhamento da rede de atenção, seja durante a internação, seja no momento da alta.