Acessibilidade à atenção básica em assentamento da reforma agrária pernambucano: a perspectiva de mulheres camponesas, profissionais de saúde e gestão

Abstract

Do Ó, Débora Morgana Soares Oliveira. Acessibilidade à atenção básica em assentamento da reforma agrária pernambucano: a perspectiva de mulheres camponesas, profissionais de saúde e gestão. 2022. Dissertação (Mestrado Acadêmico em Saúde Pública) – Instituto Aggeu Magalhães, Fundação Oswaldo Cruz, Recife, 2022. A população organizada pelas questões do campo enfrenta iniquidades provenientes das barreiras de acessibilidade à Atenção Básica (AB), estas acarretam percalços com relação à saúde, potencializando agravos e colocando este povo distante do que prioriza o Sistema Único de Saúde (SUS). O objetivo desta pesquisa foi analisar a acessibilidade da população de um assentamento pernambucano à AB sob a perspectiva de camponesas, profissionais e gestão. Para tanto, foram utilizados para a coleta dos dados os seguintes métodos: análise documental; entrevista com 1 representante da gestão municipal em AB; grupos focais realizados com a equipe de saúde da família que atende o assentamento e 10 assentadas; e o diário de campo. Os discursos captados foram analisados por meio do Discurso do Sujeito Coletivo e os fragmentos do diário de campo e dos documentos foram inseridos conforme adequação temática nos resultados. Estes evidenciaram fatores interferentes na acessibilidade dos assentados à AB, como as barreiras geográficas relacionadas a distância entre unidade e assentamento sem a garantia de um transporte; barreiras organizacionais atreladas à alta demanda de usuários na unidade, estrutura física precária da mesma bem como dificuldades enfrentadas pelas falhas na Rede de Atenção à Saúde; barreiras financeiras que demonstraram as ameaças do novo financiamento à AB e as condições socioeconômicas precárias da população; e as barreiras de informação que expuseram a escassez relacionada à educação permanente no município e o preconceito associado às lacunas de comunicação entre profissionais e assentados. A acessibilidade da população do Assentamento Luiza Ferreira à Atenção Básica mostrou-se laboriosa e os resultados salientaram diversas fragilidades nesse contexto, além de reflexões e inferências que explicitam que há muito o que avançar.