O reconhecimento social dos curadores populares numa longa duração: do Rio de Janeiro oitocentista ao Nordeste do século XX

Abstract

Esta comunicação está focada nas estratégias de resistência utilizadas pelos curadores populares numa perspectiva de longa duração. As leis, no início do Oitocentos, eram suficientes para o reconhecimento político da medicina, contudo elas não conseguiram deter o reconhecimento social desfrutado pelos curadores. Em um primeiro momento, quando as atividades dos curadores ainda eram permitidas pela Fisicatura-mor (1808-1828), os abaixo-assinados são analisados como uma estratégia de contra hegemonia da população que indicava a preferência por um curador certificado a fim de poder substituir o cirurgião nomeado pela Fisicatura-mor. A comunicação segue com a análise de folcloristas brasileiros, que escreveram em meados do século XX, num esforço de historicização das doenças que eram tratadas e das práticas de cura realizadas pelos curadores considerando tais práticas como fragmentos da memória coletiva em torno dos remédios usados e das curas cercadas de rituais religiosos que permaneceram numa longa duração.