Uso de analgésicos e anti-inflamatórios em adolescentes no Brasil: prevalência e fatores associados

Abstract

Objetivo: Estimar a prevalência pontual do uso de analgésicos e anti-inflamatórios em adolescentes brasileiros, segundo variáveis sociodemográficas, e investigar fatores de risco para o uso desses medicamentos. Métodos: Um estudo de prevalência e de caso-controle com amostragem por densidade foi realizado a partir dos dados de uma subamostra de aproximadamente 44 mil adolescentes entre 12 e 17 anos originários de um inquérito epidemiológico seccional mais amplo com abrangência nacional (Estudo de Riscos Cardiovasculares em Adolescentes – ERICA). Para cada adolescente que relatou uso de analgésico e/ou anti-inflamatório nas 24 horas que antecederam a entrevista, foram pareados cinco controles por cidade e data de coleta. A prevalência de uso de analgésicos e antiinflamatórios, assim como os respectivos intervalos de confiança de 95%, foram estimados por macrorregião, sexo, faixa etária, cor da pele, estado nutricional, hábito de fumar, consumo de álcool, transtornos mentais comuns, tipo de escola (privada ou pública), qualidade do sono e horas de telas. Razões de densidade de incidência também foram estimadas para essas variáveis através do cálculo de razão de chances utilizando-se modelos de regressão logística condicional. Resultados: Nas últimas 24 horas, 2,4% da amostra consumiu analgésico e/ou anti-inflamatório, sendo mais elevada no sexo feminino, entre os adolescentes mais velhos, entre aqueles que consumiram álcool pelo menos uma vez nos últimos 30 dias e para aqueles com 4 ou mais horas diárias de telas. Adolescentes com cor da pele preta apresentaram consumo mais baixo. De acordo com o modelo final para estimar as razões de densidade de incidência observou-se um aumento na incidência de uso desses medicamentos no sexo feminino, com o aumento da idade, menor tempo de sono, sobrepeso, presença de transtorno mental comum e entre os alunos das escolas privadas. Conclusões: O uso de medicamentos analgésicos e anti-inflamatórios entre adolescentes brasileiros é influenciado por fatores sociodemográficos e hábitos de vida.