Please use this identifier to cite or link to this item:
https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/54964
Type
ThesisCopyright
Open access
Sustainable Development Goals
03 Saúde e Bem-EstarCollections
Metadata
Show full item record
ÓBITOS E INTERNAÇÕES DECORRENTES DE INTOXICAÇÕES MEDICAMENTOSAS E NÃO-MEDICAMENTOSAS NO BRASIL
Duarte, Fernanda Gross | Date Issued:
2022
Author
Affilliation
Fundação Oswaldo Cruz. Instituto Gonçalo Moniz. Salvador, BA, Brasil.
Abstract in Portuguese
INTRODUÇÃO: O consumo de substâncias químicas cresceu com o desenvolvimento das ciências e o aumento da produção e da circulação de bens. A exposição a produtos perigosos, a substâncias tóxicas ou potencialmente tóxicas, tornou-se um relevante problema de saúde pública em diversos países no mundo. Estima-se que mais de 25% da carga global de doenças está ligada a fatores ambientais, incluindo exposições e uso inadequado de produtos químicos tóxicos. As intoxicações medicamentosas também têm aumentado sua frequência globalmente e se constituem igualmente num problema importante de saúde pública. OBJETIVOS: Estimar a incidência das hospitalizações por intoxicação não-medicamentosa (NMx), por medicamentos com prescrição (MRx) e por medicamentos isentos de prescrição (MIP), bem como a mortalidade desses agravos no Brasil, descrevendo as tendências observadas no período de uma década (2009 a 2018). MÉTODOS: Os dados de internações hospitalares e óbitos foram originados do DATASUS e os dados demográficos do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Foram selecionadas as internações hospitalares cuja AIH (Autorização para Internação Hospitalar) indicasse como procedimento “tratamento de intoxicação ou envenenamento por exposição a medicamento e substâncias de uso não medicamentoso”. A incidência de hospitalização e a mortalidade foram calculadas separadamente para intoxicações causadas por NMx, MRx e MIP. Adicionalmente, as taxas foram estratificadas por sexo, faixa etária e região de residência no Brasil. A análise de tendência foi realizada por regressão linear generalizada pelo método de Prais-Winsten. RESULTADOS: No total, ocorreram mais de 276 mil internações relacionadas ao uso de substâncias químicas durante a década da avaliação do presente estudo. Foram reportados casos de hospitalização por intoxicação em 5.351 municípios de todos os estados no Brasil. As intoxicações por NMx foram as internações mais comuns (45,4%), seguidas das causadas por MRx (30,1%), enquanto as internações por MIP foram as menos frequentes (0,9%). A incidência média de internações por intoxicação NMx (6,28 por 100 mil habitantes) foi superior àquela de intoxicação por medicamentos com prescrição (MRx) (4,16 por 100 mil habitantes), RR=1,5 (IC 95% 1,3. – 1,7); e muito superior àquela de intoxicação por medicamentos isentos de prescrição (MIP) (0,13 por 100 mil habitantes), RR=48,3 (IC 95% 27,9 – 83,7). Ocorreram 4.326 óbitos (3,45%) entre as hospitalizações por intoxicação NMx, a letalidade foi semelhante àquela causada por MRx (3,11%), e superior a observada nas internações por MIP (1,93%). A mortalidade por intoxicação NMx (0,216 por 100 mil habitantes) também foi maior do que a causada por MRx (0,129 por 100 mil habitantes), RR=1,67 (IC 95% 1,34. – 2,09) e muito superior àquela causada por MIP (0,0025 por 100 mil habitantes), RR=86,4 (IC 95% 58,4. – 133,8). Houve uma tendência decrescente na mortalidade e na incidência de internações tanto das intoxicações NMx como das intoxicações por MIP durante o período do estudo no Brasil. A tendência da incidência de internações de intoxicações por MRx foi estacionária, mas a mortalidade mostrou uma tendência crescente no mesmo período. CONCLUSÕES: As internações por intoxicação não-medicamentosa e medicamentosa se constituem num grave problema de saúde pública pelo impacto na saúde individual e coletiva, pelo importante custo econômico e social, pelos riscos que oferece ao meio ambiente e, particularmente, pela natureza prevenível desses agravos.
Abstract
INTRODUCTION: The consumption of chemical substances grew with the development of science and the increase in the production and circulation of goods. Exposure to dangerous products, to toxic or potentially toxic substances, has become a relevant public health problem in several countries around the world. It is estimated that more than 25% of the global disease burden is linked to environmental factors, including exposures and inappropriate use of toxic chemicals. Drug intoxication has also increased its frequency globally and is an important public health problem. OBJECTIVES: The aim of this study was to estimate the incidence of hospitalizations for non-drug intoxication (NMx), prescription drugs (MRx) and over-the counter drugs (MIP), as well as the mortality of these medical events in Brazil, describing the trends observed over a decade period (2009 to 2018). METHODS: Data on hospital admissions and deaths were extracted from DATASUS and demographic data from IBGE (Brazilian Institute of Geography and Statistics). Hospital admissions whose AIH (Hospital Admission Authorization) indicated as a procedure “treatment of intoxication or poisoning due to exposure to medication and substances for non-pharmacological use”. The incidence of hospitalization and mortality were calculated separately for poisonings caused by NMx, MRx and MIP. Additionally, rates were stratified by sex, age group and region of residence in Brazil. Trend analysis was performed by generalized linear regression using the Prais-Winsten method. RESULTS: Overall, there were more than 276,000 hospitalizations related to the use of chemical substances during the decade of evaluation of the present study. Cases of hospitalization due to poisoning were reported in 5,351 municipalities in all Brazilian states. NMx poisonings were the most common hospitalizations (45.4%), followed by those caused by MRx (30.1%), while hospitalizations for MIP were the least frequent (0.9%). The mean incidence of hospitalizations for NMx poisoning (6.28 per 100,000 inhabitants) was higher than that of intoxication by prescription drugs (MRx) (4.16 per 100,000 inhabitants), RR=1.5 (95% CI 1, 3. – 1.7); and much higher than that of over-the-counter drug intoxication (MIP) (0.13 per 100 thousand inhabitants), RR=48.3 (95% CI 27.9 – 83.7). There were 4,326 deaths (3.45%) among hospitalizations for NMx intoxication, the lethality was similar to that caused by MRx (3.11%), and higher than that observed in hospitalizations for MIP (1.93%). Mortality from NMx intoxication (0.216 per 100 thousand inhabitants) was also higher than that caused by MRx (0.129 per 100 thousand inhabitants), RR=1.67 (95% CI 1.34. – 2.09) and much higher than that caused by MIP (0.0025 per 100 thousand inhabitants), RR=86.4 (95% CI 58.4. – 133.8). There was a decreasing trend in mortality and incidence of hospitalizations for both NMx and MIP poisonings during the study period in Brazil. The trend in the incidence of hospitalizations for MRx poisoning was stationary, but mortality showed an increasing trend over the same period. CONCLUSIONS: Hospitalizations for non-drug and drug intoxication constitute a serious public health problem due to the impact on individual and collective health, the important economic and social cost, the risks it offers to the environment and, particularly, the preventable nature of these injuries.
Share