Xenomonitoramento molecular como ferramenta na vigilância após tratamento coletivo em Pernambuco e na verificação da transmissão da filariose linfática em São Luís - MA no período de 2015 a 2019

Abstract

A filariose linfática é uma parasitose endêmica em várias regiões tropicais e subtropicais do mundo e no Brasil é causada pelo verme Wuchereria bancrofti, transmitido pelo mosquito Culex quinquefasciatus. A Organização Mundial de Saúde estabeleceu um Programa Global de Eliminação da Filariose Linfática (PGEFL) que tem como um dos pilares a eliminação da transmissão através do tratamento em massa da população humana com filaricidas. Nesse contexto, a Região Metropolitana do Recife (RMR) é a única área considerada endêmica no Brasil, e atualmente, está em fase de vigilância para verificar a interrupção do ciclo de transmissão ou a ressurgência de novos casos. O objetivo desse estudo foi avaliar por xenomonitoramento molecular (XM) o status da transmissão da filariose em municípios endêmicos da RMR e no município do São Luís (SL) - Maranhão para inquérito de avaliação da transmissão. Imagens de satélite e software de sistemas do ArcGIS 10.2 foram usados para marcar os pontos de coletas de mosquitos e foi desenvolvido um fluxograma de amostras para vigilância entomológica. Para análise dos dados utilizou-se o modelo Poolscreen que detecta a taxa de infecção vetorial (TIV). Um total de 20.833 fêmeas de C. quinquefasciatus foram avaliadas, sendo 3.929 em 11 áreas/SL e 16.904 em 15 áreas/RMR. Nos focos tratados da RMR a TIV foi nula (0%). Porém, áreas não tratadas da RMR, apresentaram TIV entre 0,08% e 2,34% em Nova Descoberta e Vila Popular, respectivamente. Assim como, em SL, onde obtivemos TIV de 0,13% e 0,98% nas amostras dos respectivos bairros Monte Castelo e Coreia de Baixo, demonstrando que há circulação de W. bancrofti nesses locais. Os resultados revelam que não há evidências de transmissão ativa de microfilárias nas áreas tratadas da RMR, diferente daquelas não tratadas e focos extintos, nas quais há necessidade de vigilância epidemiológica e entomológica para subsidiar o PGEFL. Sendo assim, o XM revelou-se um importante indicador da circulação de W. bancrofti em áreas sob investigação de transmissão, em razão de sua elevada sensibilidade para detectar o verme no mosquito vetor .