RADIS: Comunicação e Saúde, número 239, agosto

Abstract

Para os sobreviventes da covid-19, mesmo aqueles que tiveram sintomas leves, os impactos na saúde e na vida cotidiana podem se prolongar mais do que se imaginava. O vírus que gerou a pandemia continua fazendo vítimas, despertando novas doenças e complicações por meses e até anos, sinalizando a necessidade de estratégias para lidar com os efeitos colaterais desencadeados por um vírus perigoso e traiçoeiro. Nenhum sintoma pós-covid já identificado pela ciência pode ser considerado exagero, e a gravidade do assunto não deve ser minimizada. Todas as sequelas precisam ser tratadas, desde as mais graves, que afetam o dia a dia das pessoas, até as mais leves, como afirma Rafaella Fortini, pesquisadora do Instituto René Rachou (Fiocruz Minas). Nada pode ser trivializado e levado ao pensamento de que "é assim mesmo e faz parte da vida". Ter sobrevivido ao vírus não basta; é preciso recuperar todas as potencialidades que permitam superar as desvantagens decorrentes de uma incapacidade deixada pelo vírus. O grande contingente vitimado pela covid longa demandará, para plena recuperação, cuidados de profissionais habilitados e bem treinados, assim como permanentes investimentos na ciência e em pesquisas. Nesta edição, Radis traz um quadro lembrando os sintomas da covid longa e relatos de pessoas que conviveram e convivem com as sequelas deixadas pela doença. Qual a relação entre Lionel Messi, jogador de futebol argentino, a cantora Courtney Love, o nadador Michael Phelps e o cineasta Tim Burton? Os quatro são pessoas com certo grau de autismo, que não os impediu de conseguir sucesso e bom desempenho em suas carreiras, mesmo com os sinais e sintomas do Transtorno do Espectro Autista (TEA). Infelizmente, os exemplos citados não refletem as dificuldades vividas por mais de dois milhões de brasileiros, mas sinalizam que o autismo, considerado um transtorno e não uma doença, pode e deve ser tratado para que os portadores de TEA possam se adequar ao convívio social, profissional e às atividades para as quais estejam aptos. Depoimentos presentes nesta edição demonstram como pessoas com diagnóstico de autismo surpreendem positivamente quando são diagnosticadas e estimuladas a desenvolver atividades da vida diária, especialmente quando inseridas na rotina escolar. Na sociedade atual, que valoriza determinados padrões e comportamentos sem considerar a diversidade, onde "as atenções humanas deixam a humanização de lado e buscam individualmente se concentrar nas relações sociais plenas e satisfatórias", segundo Zygmunt Bauman, é preciso avançar quebrando tabus, derrubando preconceitos e padrões, buscando direitos previstos em lei, "transformando a linguagem" e utilizando o "ambiente virtual", conforme relatos dos portadores de TEA entrevistados sobre este tema. Frequentemente, a mesma sociedade que desconsidera a diversidade não reflete que todos têm ou terão um dia uma deficiência que os impossibilitará de realizar alguma atividade, seja a simples dificuldade para aprender a ler uma cartilha quando criança, seja a dificuldade em ler pela perda de memória quando idoso. O mundo ainda não está livre da pandemia de covid-19 e a Organização Mundial da Saúde (OMS) já alerta para uma Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional com o aparecimento da varíola dos macacos, ou monkeypox. Apesar do nome, a transmissão se dá de humano para humano, e não de macaco para humano, evitando assim mal-entendidos que poderiam levar à execução de primatas na esperança equivocada de conter a propagação da doença. O Brasil ainda não dispõe de vacina contra a monkeypox, mas o Sistema Único de Saúde (SUS) já está sendo orientado, a partir da Atenção Primária de Saúde, para iniciar os primeiros atendimentos necessários. O Programa Radis continua comemorando seus 40 anos, e nada melhor do que receber o carinho dos leitores, registrado nas frases enviadas, contando como leem e o que sentem ao receber a revista. Toda a equipe se enche de orgulho e agradece todo o carinho, aproveitando para informar que, finalmente, a partir desta edição, a revista Radis voltará a ser entregue para cada um dos assinantes.