A Atuação de atendimento de Centros de Referência para a Mulher no Município do Rio de Janeiro e um olhar sobre a saúde mental

Abstract

O presente estudo buscou identificar as consequências da violência contra as mulheres na saúde mental destas, a partir da percepção de profissionais atuantes em dois Centros de Referência de Atendimento a Mulher, localizados no município do Rio de Janeiro, além de verificar como ocorre o acolhimento e o acompanhamento desses atendimentos. A fim de contemplar os objetivos foi utilizada a metodologia qualitativa em que foi adotada a técnica de entrevistas semiestruturadas de seis profissionais de dois Centros de Referência, e que atuam no atendimento, cuidado e acompanhamento às mulheres em situação de violência. Entre os profissionais encontram-se as coordenadoras, assistentes sociais e psicólogo. Juntamente foi utilizada a técnica de observação participante em atividades virtuais desenvolvidas pelos dois Centros de Referência, e de um diário de campo. O material foi analisado empregando-se a análise de conteúdo. Tal procedimento metodológico possibilitou a construção de dois eixos: 1) práticas, estratégias no atendimento e cuidado às mulheres em situação de violência e desafios e; 2) percepção dos profissionais sobre a saúde mental das mulheres em situação de violência atendidas nos Centros de Referência. Ambos foram analisados e construídos a partir das percepções e observações destacadas pelas (o) profissionais durante as entrevistas. Verificou-se que o trabalho das (dos) profissionais atuantes no enfrentamento à violência contra as mulheres é fundamental para a proteção delas, porém o acompanhamento longitudinal através do respeito e da ética se tornam imprescindíveis nessa dinâmica. Muitas são as formas como a violência se apresenta na vida das mulheres recebidas nos Centros, afetando diretamente a vida, o bem-estar e a saúde mental delas, porém os fatores sociais, culturais e econômicos são também disparadores para o adoecimento psíquico. Constatou-se também que, o uso indiscriminado de medicamentos e a patologização do corpo das mulheres dificulta a percepção sobre a verdadeira causa do adoecimento, que é intensificado pela precariedade das políticas públicas e pela falta de investimento em formação profissional, causando reflexos na saúde dessas mulheres.