Planejamento, gestão e avaliação da Atenção Primária em Teresina - PI

Abstract

O Programa de Saúde da Família (PSF) deu lugar à crescente expansão da Estratégia Saúde da Família (ESF) no país e ao seu caráter organizador. Entretanto, essa mesma expansão influenciou uma tendência de criação e de fortalecimento de estruturas regulatórias, resultando em uma série de medidas de avaliação da qualidade dos efeitos da a APS. Neste sentido, este estudo visou discutir a organização administrativa da gestão da saúde e analisar indicadores de Internação Hospitalar, em Teresina-PI, no período de 2008 a 2020. Para tanto, levantou-se as principais mudanças organizacionais e de fluxos, na Fundação Municipal de Saúde, para buscar compreender efeitos nos serviços e em indicadores; ao passo que, foram analisados dados do Sistema de Gerenciamento de Internações Hospitalares, desta capital, para caracterizar a evolução de internações, no período do estudo, por meio de análises estatísticas descritivas e multivariadas. Sobre os resultados, foram demonstradas e problematizadas as principais características dos distintos arranjos organizacionais da saúde local ao longo dos anos estudados, tendo sido verificado recorrente falta de discussão e planejamento da gestão local, resultando em reformas administrativas que se resumiram à reestruturação burocrática necessária diante do novo modelo assistencial do Sistema Único de Saúde (SUS). De outro lado, a análise de dados de Internações Hospitalares, possibilitou uma visão sistémica quanto ao perfil das Internações por Condições Sensíveis à Atenção Primária (CSAP), enquanto o desenvolvimento de um modelo estatístico propiciou melhora na produção de informações mais assertivas de residentes e não residentes internados. Desta forma, verificou-se mais chances de homens estarem internados por CSAP, especialmente os indivíduos mais velhos, pois apresentaram pior desempenho. Ainda, que quanto as CSAP, o custo predominante das internações foi o de valores mais baixos; e que, sobre o período de permanência, quanto menor foi o período de internação, maiores foram as chances de tratar-se de CSAP. Ademais, apesar de não verificar-se correlacões entre a cobertura da Atenção Primária e as ocorrências de internações por CSAP, compreende-se que os gestores podem atuar neste cenário monitorando morbidade hospitalar e realizando avaliações da assistência prestada usando ferramentas de análises destas internações para alcançar melhoria da qualidade e maior eficiência operacional.