Investigação da procedência dos óbitos e formas graves da esquistossomose em Pernambuco de 2007 a 2017

Abstract

Pernambuco é considerado um dos estados nordestinos com maior prevalência para esquistossomose. Historicamente a ocorrência da doença se concentrava nas zonas rurais do Agreste e da Zona da Mata. Entretanto, devido ao fluxo migratório de pessoas, a esquistossomose foi expandida para demais áreas do estado. Este estudo teve como objetivo analisar espacialmente as formas graves e os óbitos causados pela esquistossomose de acordo com a procedência no estado de Pernambuco no período de 2007-2017. Trata-se de um estudo ecológico analítico de base populacional, através do levantamento de dados secundários compostos por formas graves registradas Sistema de Informação de Agravos de Notificação e óbitos por causa básica de esquistossomose registrados no Sistema de Informação de Mortalidade no período de 2007 a 2017. Foi realizado o linkage probabilístico entre as bases de dados. Foram considerados 9.085 casos graves e 1.956 óbitos por esquistossomose. O número de casos presentes no linkage entre as bases de dados foi de 186. A correlação entre a taxa média de positividade com o abastecimento hídrico rede geral e coleta de lixo foi um r de 0,22 e 0,26 respectivamente. E a taxa média de mortalidade acumulada correlacionou-se com abastecimento hídrico por poço ou nascente (r= 0,27), abastecimento hídrico por rede geral (r= 0,3), coleta de lixo (r= 0,42) urbanização das vias (r= 0,29). Houve 3.153 formas graves em 2007 com tendência à redução no período e 205 óbitos em 2010, sem um padrão de tendência nos anos. O Índice Global de Moran para a positividade e mortalidade (incluindo o linkage) positiva e significativa para o período analisado, sendo I=0,23, p=0,001; I=0,64, p=0,001 e I=0,17; p=0,001 respectivamente. A doença apresenta risco espacial principalmente nas áreas endêmicas. Essas regiões são, portanto, áreas prioritárias para investimentos emergenciais em diagnóstico, tratamento e controle.