Please use this identifier to cite or link to this item:
https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/59872
SAÚDE E CUIDADO COMO PRODUÇÃO DE VIDA: PARA DESCOLONIZAR E CORAZONAR A SAÚDE COLETIVA
Aguiar, Ada Cristina Pontes | Date Issued:
2023
Alternative title
Health and care as a production of life: to decolonize and corazonar collective healthAuthor
Advisor
Co-advisor
Affilliation
Fundação Oswaldo Cruz. Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
Abstract in Portuguese
O trabalho consiste em um ensaio crítico, conceitual e epistemológico, em diálogo inspirado pela arte e poesia, para desenvolver uma reflexão em torno da transição paradigmática do campo da saúde coletiva. Inicialmente, apresenta uma breve trajetória da saúde coletiva, inserida nos desafios atuais civilizatórios e planetários, em diálogo com áreas internas a ela, como a ‘saúde da trabalhadora e do trabalhador’, a ‘saúde e ambiente’ e as ‘práticas integrativas e complementares em saúde’ (PICs); e com uma abordagem crítica externa a ela, a ecologia política. Elege como principais marcos teóricos para subsidiarem as mediações conceituais do trabalho o pensamento decolonial da América Latina, as epistemologias do Sul, os feminismos descoloniais e o ecofeminismo. São convidados para serem interlocutores orgânicos do trabalho o pensador quilombola Nego Bispo e o pensador indígena Ailton Krenak, que integram os diálogos de saberes com as epistemologias do Sul, com o intuito de serem propostos caminhos para descolonizar e corazonar a saúde coletiva; e com o pensamento ecofeminista, para subsidiar a saúde coletiva no processo de ampliação dos cuidados em saúde, de forma a incorporar a perspectiva dos cuidados integrais com as vidas às construções conceituais desse campo. A proposta integrada e integradora que emerge é inspirada pelo pensamento artesanal feminista, o qual procura visibilizar os conhecimentos historicamente desconsiderados e valorizar as experiências comumente desperdiçadas, conectando radicalmente ser, sentir, pensar e fazer nos projetos vinculados à produção de vida. Conclui-se sintetizando as principais contribuições que os diálogos de saberes e interculturais realizados no percurso da tese podem oferecer à transição paradigmática da saúde coletiva, sendo elas: o reconhecimento dos seres humanos como integrantes da natureza, superando a visão moderna que fragmenta e desconecta o ser humano dos demais componentes da natureza, das outras espécies e do feminino; a necessária descolonização da saúde coletiva, inclusive dos setores críticos que fazem parte desse campo, por meio da crítica ao colonialismo e à incorporação das epistemologias do Sul; a importância de corazonar os sujeitos e a práxis da saúde coletiva, rompendo com a rigidez logocêntrica que embota os afetos perpetuada pela racionalidade científica moderna; e fortalecer as aproximações virtuosas entre os cuidados em saúde e os cuidados integrais com as vidas, para ampliar as perspectivas de saúde, vida e cuidado desse campo. A realização deste ensaio permitiu conectar a reflexividade crítica da autora a um exercício potente de liberdade perpassado pela busca de conhecimentos e autoconhecimentos, para sintonizá-la com a proposta de transição paradigmática da saúde coletiva.
Abstract
The thesis consists of a critical, conceptual and epistemological essay, in a dialogue inspired by art and poetry, to develop a reflection on the paradigmatic transition of the field of collective health. Initially, it presents a brief trajectory of collective health, pervading the current civilizational and planetary challenges, encompassing some of its subthemes, such as ‘workers' health’,‘environmental health’ and ‘traditional, complementary and integrative Medicine’ (TCI); also ensuing a critical approach external to collective health, namely political ecology. The main theoretical frameworks which ground the conceptual mediations of this thesis are Latin America decolonial thinking, epistemologies of the South, decolonial feminisms and ecofeminism. The quilombola thinker Nego Bispo and the indigenous thinker Ailton Krenak are invited to be organic interlocutors of the work, who on the one hand integrate the interplays of knowledge with the epistemologies of the South, in order to propose ways to decolonize and corazonar collective health; and on the other hand approaches ecofeminist thinking, to assist collective health in the process of expanding health care accessibility, in order to incorporate the perspective of integral healthcare of beings to the conceptual constructions of this field. The integrated and integrative proposition that thereof emerges is inspired by feminist artisanal thinking, which seeks to make historically disregarded knowledge visible and value commonly wasted experiences, radically connecting being, feeling, thinking and doing in projects linked to the production of life. Finally, the thesis summarizes the main contributions the dialogues of knowledge and intercultural exchanges carried out in the course of the thesis can offer to the paradigmatic transition of collective health, namely: the acknowledgement of human beings as members of nature, overcoming the modern view that fragments and disconnects the human being from other constituents of nature, other species and the feminine; the necessary decolonization of collective health, including the critical branches that are part of this field, through the criticism of colonialism and the incorporation of the epistemologies of the South; the importance of corazonar the subjects and praxis of collective health, cutting through the logocentric rigidity which blurs the affects and is perpetuated by modern scientific rationality; thus strengthening the virtuous interconnections between health care and integral care of beings, to broaden the perspectives of health, life and care of this field. The making of this essay allowed to connect the critical reflexivity of the author to a potent exercise of freedom permeated by the search for knowledge and self-knowledge, to attune it to the proposition of paradigmatic transition of collective health.
Share