Homens idosos e o uso dos serviços de saúde no Brasil: aspectos individuais e contextuais

Abstract

A transição demográfica e epidemiológica vivenciada mundialmente nos últimos anosresultou no envelhecimento populacional com consequente aumento da demanda dosserviços de saúde pelos idosos. Historicamente, os homens utilizam menos osserviços de saúde que as mulheres, chegam na fase idosa com morbidades maisacentuadas e são pouco explorados nas pesquisas científicas. O objetivo desta tesefoi analisar os fatores individuais e contextuais associados à utilização dos serviçosde saúde por homens idosos brasileiros. Foi conduzido um estudo seccional analítico,de base populacional, com banco de dados secundários da Pesquisa Nacional deSaúde, 2019. Foram incluídos 19203 idosos (60 anos ou mais de idade) do sexomasculino. A variável dependente foi composta por questões da pesquisa referentesà utilização dos serviços de saúde analisada pelo método de Análise de ClassesLatentes. As variáveis independentes foram os fatores dos níveis individuais econtextuais, organizadas de acordo com o modelo teórico de Utilização dos Serviçosde Saúde e baseadas nos Determinantes Sociais de Saúde. Modelos simples emúltiplos de regressão logística foram aplicados considerando a significânciaestatística final de 5%. Os resultados foram expressos em Odds Ratio (OR) e seusrespectivos Intervalos de Confiança de 95% (IC95%). Foram instituídos quatro tiposde uso dos serviços de saúde com predomínio de 70,3% de homens idosos que nãoutilizaram os serviços de saúde no último ano. Nas variáveis domiciliares, o usoesporádico dos serviços ou o uso no último ano com internação estavam associadosa contextos domiciliares mais precários e desfavorecidos social e economicamente.No nível individual, piores perfis de uso foram encontrados em homens idosos maisvelhos, negros, viúvos ou solteiros, sem plano de saúde médico ou odontológico e semaposentadoria ou pensão. Por fim, fatores de necessidade como diagnóstico dedoença crônica, percepção ruim do estado de saúde, dificuldade para realizaratividade diárias, uso contínuo de medicamentos e histórico de queda foram os quemais revelaram riscos para usar os três níveis de serviços de saúde, com internaçãono último ano. Os fatores associados à utilização dos serviços de saúde por homensidosos do Brasil foram representados por questões sociais desfavoráveis, eidentificou-se que o uso dos serviços está condicionado, principalmente à presençade doença ou comorbidade, com ênfase na atenção curativa e reabilitadora, e não napromoção de saúde e prevenção de doenças. Nesse contexto, políticas e ações intrae intersetoriais específicas para esse público devem estimular a diminuição do efeitodas desigualdades socioeconômicas e estimular o contato com os serviços de saúdede forma mais precoce, principalmente na Atenção Básica, para reduzir asdisparidades de gênero no cuidado à saúde. (AU)