O suicídio em Pernambuco: Tendência temporal, análise espacial e fatores associados (2010 a 2019)

Abstract

O suicídio é uma das formas de violência autoinfligida, na qual o indivíduo intencionalmente tira a própria vida. A taxa de mortalidade por suicídio no Brasil é de 6,9 mortes por 100 mil habitantes, sendo a quarta causa de morte de jovens entre 15 a 29 anos. Este cenário pode ser ainda mais abissal, caso se considere as subnotificações. Identificar a tendência temporal, os padrões espaciais e os fatores associados às lesões autoprovocadas, às tentativas de suicídio por intoxicação exógena e aos óbitos por suicídio no estado de Pernambuco, no período de 2010 a 2019. Estudo ecológico com delineamento do perfil epidemiológico dos três eventos estudados através de análise descritiva. A tendência temporal foi feita pelo programa JoinPoint versão 4.9.1.0, com regressão linear contínua com pontos de inflexão e cálculo do APC da proporção dos casos, no período de dez anos para o estado e suas macrorregiões de saúde. A análise espacial se deu pela autocorrelação do cálculo do Índice de Moran Global, prosseguindo-se para o LISA em casos de detecção de autocorrelação com identificação dos clusters. Ainda, analisou-se a relação entre as taxas de incidência e mortalidade com o Índice Firjan por quinquênio para Pernambuco, utilizando os testes qui quadrado e Kruskal Wallis. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto Aggeu Magalhães, sob parecer nº 4.694.794. No suicídio, os homens foram predominantes e as mulheres, entre as tentativas e lesões autoprovocadas. Nos três eventos a faixa etária de maior concentração foram de 20 a 39 anos e não brancos, especialmente pardos. A análise espacial mostrou interiorização dos três eventos, principalmente do suicídio na macrorregião do sertão e a tendência temporal revelou aumento significativos dos três fenômenos quando se compara o ano inicial com o ano final do estudo. O índice de Firjan e os coeficientes de incidência de tentativas de suicídio e lesões autoprovocadas tiveram associação positiva, a mortalidade, negativa no primeiro quinquênio (2010- 2014), mas não houve associação no quinquênio subsequente (2015- 2019). Estudos mostraram convergência com este quanto ao perfil epidemiológico e a tendência temporal. Fatores econômicos podem estar atrelados à interiorização dos eventos e o crescimento, a mudanças socioeconômicas que ocorreram em âmbito macro. Outras pesquisas também encontraram associação inversamente proporcional entre o suicídio e condições socioeconômicas, porém quanto às tentativas de suicídio e lesão autoprovocada houve controvérsias. O constructo aponta desfechos que incrementam novas informações para compreensão dos eventos abordados, além de servir de base para estudos futuros por ter como recorte temporal os dez anos imediatamente anteriores à pandemia do COVID-19.