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https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/61478
CONFIABILIDADE DO DIAGNÓSTICO PSIQUIÁTRICO EM HOSPITAIS DO RIO DE JANEIRO
Coutinho, Evandro da Silva Freire | Date Issued:
1987
Alternative title
Reliability of psychiatric diagnosis in hospitals in Rio de JaneiroAdvisor
Co-advisor
Affilliation
Fundação Oswaldo Cruz. Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
Abstract in Portuguese
O diagnóstico em psiquiatria, ao contrário dos demais ramos da medicina, sofre uma série de restrições. Porém, um ponto é comum nestas críticas: a ausência de validade e a baixa confabilidade. A validade refere-se à concordância entre o diagnóstico atribuído por um clínico e o transtorno psiquiátrico que o indivíduo realmente tem. Já a confiabilidade refere-se à concordância entre dois ou mais clínicos quanto ao diagnóstico dos mesmos pacientes, ou dos diagnósticos atribuídos por um clínico em dois momentos distintos. Nesta pesquisa, objetivou-se conhecer a confiabilidade do diagnóstico psiquiátrico atribuído em duas internações subsequentes, em hospitais psiquiátricos do Rio de Janeiro. Para tal foram estudados dois grupos de pacientes. O grupo I, constituído por 343 pacientes, onde a última admissão psiquiátrica ocorreu num hospital público, num hospital de ensino ou num hospital particular-conveniado, chamados, respectivamente, de PU, E e PR. A penúltima internação ocorreu em qualquer hospital psiquiátrico do município do Rio de Janeiro. No grupo II ambas as admissões foram dentro do mesmo hospital PU, E ou PR. O número de pacientes estudados foi de 456. Para a comparação dos diagnósticos psiquiátricos foram constituídas seis categorias nosológicas: neuroses e transtornos de personalidade, álcool e drogas, esquizofrenia, psicose maníaco-depressiva, outras psicoses não orgânicas e transtornos orgânicos. O índice de concordância adotado foi a estatística Kappa, embora outras estatísticas tenham sido calculadas. Foi também estudado o papel dos fatores hospital, idade, sexo, diagnóstico, duração e intervalo das internações, médico e instituição sobre a discordância diagnóstica, através da razão de produtos cruzados ajustada por modelos logísticos. A categoria álcool e drogas apresentou a melhor concordânca no grupo I, isto é, quando as internações se deram em hospitais diferentes. As demais categorias nosológicas tiveram uma concordância fraca, sendo que outras psicoses não orgânicas apresentou uma concordância que não diferiu daquela esperada ao acaso. Neste grupo de pacientes, intervalos entre as internações maiores que seis meses, mostraram-me associados com a discordância diagnóstica. Ao se passar para o grupo II (ambas as internações dentro do mesmo hospital), a categoria disgnóstica esquizofrenia apresentou uma importante elevação dos índices Kappa, nos hospitais de ensino E e particular-conveniado PR; nos hospital público PU não houve melhoria. A categoria álcool e drogas também melhorou sua confiabilidade. Porém, os demais grupos de diagnóstico não tiveram um incremento tão importante, apresentando uma concordância no máximo regular. Ainda com relação ao grupo II de pacientes, o hospiral público PU mostrou-se mais associado com a discordância diagnóstica, enquanto o hospital de ensino E teve o melhor desempenho. O hospital particular-conveniado PR ficou numa posição intermediária. Ao contrário do grupo I, onde o intervalo entre as internações mostrou-se associado com a discordância diagnóstica, no grupo II o fato dos diagnósticos confrontados terem sido atribuídos pelo mesmo médico melhorou a concordância diagnóstica. As consequências da baixa confiabilidade do diagnóstico psiquiátrico são discutidas levando-se em consideração o fato do diagnóstico esquizofrenia ter sido o mais comumente associado com outras categorias nosológicas quando houve discordância entre o último e o penúltimo diagnóstico.
Abstract
Diagnosis in psychiatry, unlike other branches of medicine, suffers from a series of restrictions. However, one point is common in these criticisms: the lack of validity and low reliability. Validity refers to the agreement between the diagnosis assigned by a clinician and the psychiatric disorder that the individual actually has. Reliability refers to the agreement between two or more clinicians regarding the diagnosis of the same patients, or the diagnoses assigned by a clinician at two different times. In this research, the objective was to understand the reliability of the psychiatric diagnosis given in two subsequent hospitalizations in psychiatric hospitals in Rio de Janeiro. To this end, two groups of patients were studied. Group I, consisting of 343 patients, where the last psychiatric admission occurred in a public hospital, a teaching hospital or a private hospital, called, respectively, PU, E and PR. The penultimate hospitalization occurred in any psychiatric hospital in the city of Rio de Janeiro. In group II, both admissions were within the same PU, E or PR hospital. The number of patients studied was 456. To compare psychiatric diagnoses, six nosological categories were created: neuroses and personality disorders, alcohol and drugs, schizophrenia, manic-depressive psychosis, other non-organic psychoses and organic disorders. The agreement index adopted was the Kappa statistic, although other statistics were calculated. The role of hospital factors, age, sex, diagnosis, duration and interval of hospitalizations, doctor and institution on diagnostic disagreement was also studied, using the cross-product ratio adjusted by logistic models. The alcohol and drugs category showed the best agreement in group I, that is, when admissions took place in different hospitals. The other nosological categories had a weak agreement, with other non-organic psychoses showing an agreement that did not differ from that expected by chance. In this group of patients, intervals between hospitalizations greater than six months were associated with diagnostic disagreement. When moving to group II (both admissions within the same hospital), the schizophrenia diagnostic category showed a significant increase in Kappa indices, in teaching hospitals E and private-affiliated hospitals PR; In PU public hospitals there was no improvement. The alcohol and drugs category also improved its reliability. However, the other diagnostic groups did not have such an important increase, showing at most regular agreement. Still in relation to group II of patients, the public hospital PU was more associated with diagnostic disagreement, while teaching hospital E had the best performance. The private-affiliated hospital PR was in an intermediate position. Unlike group I, where the interval between hospitalizations was associated with diagnostic disagreement, in group II the fact that the diagnosed diagnoses were assigned by the same doctor improved diagnostic agreement. The consequences of the low reliability of the psychiatric diagnosis are discussed taking into account the fact that the schizophrenia diagnosis was the most commonly associated with other nosological categories when there was disagreement between the last and the penultimate diagnosis.
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