Registro de danos em ruínas arqueológicas: a chaminé de incineração de lixo urbano em Manguinhos

Abstract

O campus da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em Manguinhos, Rio de Janeiro (Brasil), possui um alto potencial arqueológico. Em 2013, a partir da realização das obras civis para a construção da nova sede da Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz (COC/Fiocruz), foram encontrados os vestígios da fundação de uma antiga chaminé que integrou o primeiro complexo para incineração de lixo urbano da cidade do Rio de Janeiro, construído pelo poder público local no final do século XIX. Com o objetivo de contribuir para a conservação dessas estruturas in loco, foi iniciada em 2021 a pesquisa de iniciação científica “Determinação de Patologias em Ruínas Arqueológicas: Vestígios da Chaminé dos Fornos de Incineração de Lixo Urbano de Manguinhos (RJ)” (IC/FAPERJ). O estudo investiga as patologias que levam à degradação física e/ou química dessas ruínas arqueológicas e propõe a elaboração de um Manual de Conservação Programada para esse bem arqueológico. O manual tem como finalidade orientar a equipe de conservação no estabelecimento de ações de rotinas e suas periodicidades, apoiando-se em um conjunto de fichas de inspeção. O documento, em elaboração, tem como referência as diretrizes estabelecidas pelo Departamento de Patrimônio Histórico da COC/Fiocruz para bens edificados. O presente artigo apresenta os resultados parciais dessa pesquisa, os quais incluem a reflexão dos desafios da representação gráfica de ruínas arqueológicas e da importância do mapa de danos. O conhecimento das causas das patologias que atingem ruínas arqueológicas é essencial para planejar ações direcionadas e específicas de conservação programada dessas estruturas arquitetônicas-arqueológicas. A aplicação de um manual de conservação programada, portanto, é um processo contínuo de produção de documentação e informação atualizada sobre o estado de conservação do conjunto, apoiado no planejamento de uma rotina de monitoramento ao longo do tempo. Esse enfoque proposto é uma inovação no processo e lógica da gestão de bens culturais – no campo da conservação preventiva - que pressupõe uma profunda mudança de mentalidade gerando investimento de recursos para uma maior eficiência das ações de preservação e conservação do patrimônio arqueológico.