Humanização em tempos de crise sanitária: uma análise dos desafios enfrentados nas internações hospitalares por COVID-19

Abstract

A pandemia de Covid-19 trouxe consigo desafios significativos para os sistemas de saúde, em especial nas práticas de humanização durante as internações hospitalares por covid19. Diante desse contexto o objetivo desta dissertação foi identificar os desafios enfrentados pelos usuários, familiares e profissionais de saúde durante as internações hospitalares por Covid-19 e as implicações que esses desafios tiveram nas práticas de cuidado pautadas na humanização. Para tal, foi realizada uma revisão narrativa da literatura, utilizando os bancos de dados da BVS e Pubmed. Para as buscas foram utilizados descritores do DeCS/MeSH e palavras-chave complementares combinadas por operadores Booleanos. Foi delimitado o período de 2020 a 2022, sendo encontradas o total de 199 publicações, das quais 36 foram selecionadas após a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão. Somado a revisão e visando dialogar com os resultados encontrados, foram usadas narrativas em forma de testemunho da experiência vivida pela pesquisadora na linha de frente como psicóloga hospitalar no combate ao Covid-19. Os resultados obtidos na revisão foram divididos em duas categorias temáticas: Categoria 1 – O cenário catastrófico da pandemia de Covid-19 – que revela o cenário de catástrofe sanitária para além da dimensão biológica, mas também no âmbito psicossocial, onde profissionais de saúde enfrentaram a sobrecarga de trabalho, escassez de treinamento e equipamentos de proteção individual (EPIs), exaustão física e emocional, além do constante medo de contágio e insegurança diante da situação que teve impacto direto na comunicação, acolhimento e na construção de vínculos. A suspensão das visitas aos pacientes também teve consequências significativas, aumentando os sentimentos de medo e solidão, bem como a perda da autonomia do paciente e não participação da família no processo de cuidado, inúmeras mortes solitárias e sem o direito de se despedir. E a Categoria 2 – Mitigação dos danos impostos pela pandemia de covid-19 onde foram destacados a utilização da tecnologia com chamadas de vídeo para conectar os pacientes com suas redes de apoio; a dignidade no final da vida por meio do acompanhamento de equipes de cuidados paliativos e o direito de se despedir; e a valorização dos profissionais de saúde, no reconhecimento e prestação de cuidados físicos e emocionais. Em suma, a humanização do cuidado requer ações criativas e colaboração entre diferentes setores para enfrentamento de crises, de tal forma que o fortalecimento do sistema público de saúde desempenha um papel fundamental na transformação dessas práticas em realidade para todos, contribuindo para a construção de uma sociedade mais solidária e unida.