Entre doentes e mosquitos: a dengue ronda o Paraná em 1986

Abstract

Antecedentes de epidemias ou pandemias, como o cenário vivenciado anteriormente à chegada da COVID-19 no Brasil, se apresentam como importante aspecto de variados trabalhos na perspectiva da História Social das Doenças. Além de notícias advindas dos epicentros das epidemias ou pandemias por meio da imprensa, correspondências e outros tipos de documentos, esse “prólogo epidêmico” abarcaria as primeiras repercussões entre autoridades médicas, sanitárias e políticas, e, em alguns casos, a mobilização de recursos governamentais disponíveis e a tensão gerada no seio da população, propiciando a conformação de uma representação social prévia do fenômeno epidêmico e da doença. Considerando esse viés, este artigo tem como propósito abordar as repercussões da marcante epidemia de dengue ocorrida na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, em 1986, sobre o Paraná a partir de publicações do Correio de Notícias. Casos importados de Nova Iguaçu/RJ notificados em Curitiba e a identificação de focos do vetor Aedes aegypti no interior, como as ações do poder público para prevenir uma possível expansão da epidemia que grassava em terras fluminenses, ganharam destaque no diário curitibano, contribuindo para a conformação de uma representação social da doença e do evento epidêmico entre os paranaenses.