Aspectos sociodemográficos e espaciais da COVID-19 no Estado do Amazonas no período de 2020 a 2021

Abstract

Ao longo do tempo as epidemias têm acometido populações em todo o mundo, atingindo comunidades, do ponto inicial, às mais distantes e distintas, como tem ocorrido com a pandemia da COVID-19, causada pelo novo coronavírus (SARSCOV-2). Advinda da Província de Wuhan, na China, no final de 2019, a COVID-19 tem sido estudada sob diversos aspectos, numa perspectiva de avaliar o risco subjacente às populações. No Amazonas, o epicentro da pandemia deu-se na Capital Manaus, e em maio/2020 já era o 4º Estado com o maior número de casos acumulados, ficando atrás de São Paulo, Rio de Janeiro e Ceará. Essa explosão de casos da COVID-19 que se interiorizou rapidamente nos 61 municípios do Estado levou ao colapso do sistema de saúde, em razão do agravamento dos casos que necessitavam de UTI, ventilação mecânica e oxigenioterapia. O objetivo da pesquisa foi analisar os aspectos sociodemográficos e espaciais da COVID-19 no Amazonas. Realizou-se um estudo ecológico, com abordagem descritiva e espacial e uso de dados secundários abertos, tendo como unidade de análise os municípios do estado do Amazonas. As análises espaciais foram realizadas utilizando-se o método bayesiano local para elaboração dos mapas coropléticos, calculando-se o índice de Moran para análise da dependência espacial e o Moran Map para identificar os municípios com os maiores impactos. Foi realizada também análise estatística de correlação entre as variáveis epidemiológicas e sociodemográficas, pelo teste de Spearman, com 5% de significância. Os resultados apresentaram principalmente para os municípios da Macrorregional de Saúde Central, autocorrelação espacial positiva para incidência (I=0,106 e p=0,047) e mortalidade (I=0,132 e p=0,04) causados pela COVID-19, e padrão alto-alto de espalhamento, expressando a dependência espacial entre eles. A análise de correlação de Spearman estatisticamente significativa ao nível α = 0,05, IC=95%, para a taxa de incidência da COVID-19 ocorreu com a densidade demográfica (Rô= -0,251), gasto público em saúde (Rô=0,419) e recursos próprios destinados à saúde (Rô=0,526). Para a taxa de mortalidade da COVID-19 a correlação ocorreu com PIB per capita (Rô= 0,338), renda domiciliar mensal per capita até ½ salário mínimo (Rô= -0,368), IDHM (Rô= 0,450) e índice de vulnerabilidade social (Rô= -0,276). A Capital Manaus possui a maior capacidade assistencial em saúde, com alta desigualdade em relação aos demais 61 municípios, também com os melhores índices de desenvolvimento humano e de prosperidade social. As altas taxas de incidência e de mortalidade da COVID-19 nos municípios do Amazonas é reflexo dos altos níveis de vulnerabilidade e desigualdade sociais, e baixo desenvolvimento humano, associados à baixa oferta de serviços de saúde de média e alta complexidade nestes Municípios.