Risco de mortalidade cerebrovascular associado aos efeitos das temperaturas e da qualidade do ar nas capitais brasileiras, 2004-2017

Abstract

O estudo buscou aprofundar no conhecimento dos efeitos de fatores ambientais sobre a doença cerebrovascular, realizado mediante a avaliação do risco de mortalidade associado à interação da temperatura com os poluentes atmosféricos PM2.5, O3 e CO nas capitais brasileiras. A tese foi dividida em três manuscritos. O primeiro manuscrito objetivou descrever as características epidemiológicas, sociodemográficas, tendência e sazonalidade dos óbitos cerebrovasculares, utilizando a estatística descritiva, a regressão de pontos de junção (Jointpoint regression model) para a estimativa da tendência e modelo aditivo generalizado para a análise da sazonalidade. O segundo manuscrito validou os dados das concentrações atmosféricas de PM2.5, O3 e CO da base de dados modelados SISAM, a ser utilizada na avaliação do risco de mortalidade cerebrovascular, e a base de dados modelados do SISAM calibrada, através da aplicação da correlação cruzada e a regressão linear para a caracterização das séries medidas em superfície terrestre e modeladas. Utilizou-se o modelo linear generalizado combinado com o modelo não linear com defasagem distribuída para a comparação da exposição-lag-resposta entre as séries de dados medidos, modelados SISAM e calibrados O terceiro manuscrito analisou o risco de mortalidade cerebrovascular produzido pela interação temperatura-poluentes atmosféricos (PM2.5, O3 e CO), por meio da metanálise e a metarregressão, além de avaliar a interação da temperatura com outras variáveis metapreditoras (serviços de saúde, socioeconômicas e geográficas). Os resultados mostraram que as doenças cerebrovasculares afetam maiormente aos idosos, e que com uma tendência favorável ao declínio em adultos (≥18 anos) de ambos os sexos. A base de dados modelados SISAM é uma ferramenta pertinente a usar nas análises com dados ambientais, podendo auxiliar programas de saúde. As temperaturas extremas, sob a baixa e alta exposição a poluentes aumentam o risco de morte cerebrovascular, principalmente em calor extremo. A Região Sudeste apresenta uma alta vulnerabilidade devido a fatores populacionais, socioeconômicos, climáticos e de urbanização. Fatores socioeconômicos mostram influência na mortalidade cerebrovascular. Os resultados subsidiam ações de prevenção e promoção de saúde, além de políticas públicas que visem reduzir a mortalidade.