Avaliação do perfil imunológico dos linfócitos B regulatórios em portadores das formas clínicas crônicas da doença de Chagas

Abstract

O Trypanosoma cruzi, protozoário hemoflagelado, causador da doença de Chagas, pode apresentar duas formas clínicas crônicas. Sendo elas, as formas sintomáticas, cardíaca e/ou digestiva, ou a forma assintomática, conhecida como forma indeterminada. A ausência de manifestações clínicas poderia estar associada com o equilíbrio entre uma resposta contra o parasito e a capacidade de regular a resposta imune anti-T. cruzi. As células B podem desempenhar papéis distintos diante de um quadro de inflamação, apresentando um perfil patogênico em respostas imunes adaptativas pela produção de auto-anticorpos, contribuindo no desenvolvimento de doenças auto-imunes e um perfil regulatório, podendo serem chamados de linfócitos B Regulatórios, que suprimem a progressão e/ou melhora da recuperação de inflamações mediadas pela imunidade adquirida. Por não existirem estudos que correlacionam o papel das células B regulatórias com o desenvolvimento da miocardiopatia chagásica, nos propomos a avaliar a frequência de linfócitos B regulatórios de portadores da Doença de Chagas crônica nas diferentes formas clínicas por citometria de fluxo. Os participantes do estudo foram selecionados no Ambulatório de Doença de Chagas e Insuficiência Cardíaca do Pronto-Socorro Cardiológico de Pernambuco (PROCAPE). Amostras de sangue de 27 indivíduos, sendo 14 portadores da forma cardíaca, divididos em dois grupos: cardíacos leves (CARD1, n= 9) e cardíacos grave (CARD2, n=5); de 7 portadores da forma indeterminada (IND) e de 6 indivíduos não infectados (IDIOP). Células mononucleares do sangue periférico (PBMC) foram marcadas com painel de anticorpos específicos. Nossos achados mostram que as células Breg, bem como as demais células regulatórias, Treg e CD8 reg, não foram capazes de discriminar as diferentes formas clínicas dos pacientes com a doença de Chagas crônica e o grupo sem a doença. A robusta estratificação das formas clínicas, a limitação com relação ao n amostral, além da falta de consenso sobre os marcadores específicos para o estudo dos perfis celulares podem ter sido fatores importantes para um resultado não significativo frente ao perfil de células analisadas.