Expansão e interiorização do ensino superior, e a formação médica para o SUS: o caso do curso de Medicina de Caruaru

Abstract

Este estudo é resultado da análise das políticas de expansão e interiorização do ensino superior, e de formação, provimento e formação de médicos para o Sistema Único de Saúde – SUS. Fundamentado teoricamente pelo Triangulo de Análise de Políticas de Walt e Gilson, e pelo Ciclo de Políticas de Stephen Ball, realizou análise documental, entrevistas e grupos focais a dirigentes da UFPE, do município de Caruaru, e professores do curso. Os resultados foram sistematizados nos contextos de influência, de produção textual e do processo de execução das políticas que resultaram no curso de medicina da Universidade Federal de Pernambuco. A estabilidade econômica e política produziu um contexto favorável para a expansão do ensino superior, com grande diversidade institucional e predominância do setor privado. A política de mudança do modelo assistencial brasileiro, a partir da expansão da atenção básica, cobrou do sistema educacional políticas setoriais para a formação de médicos. O programa Mais Médicos, aprimorou as experiências anteriores e intensificou a aproximação entre os setores da saúde e da educação. A análise do curso de medicina, como resultado dessas políticas, oferece um olhar, a partir das práticas pedagógicas, sobre as políticas. Por meio do curso de medicina, a universidade contribuiu para a política de provimento, e atendeu a todos os componentes da política de formação. O projeto pedagógico do curso, incorpora os pressupostos da política nacional com ênfase na formação integrada ao sistema de saúde e no conceito ampliado de responsabilidade social, o que encontrou resistência no pensamento médico hegemônico. As práticas pedagógicas e de gestão compuseram um novo arranjo institucional que encontrou resistência e dificuldade no modelo de gestão das universidade federais brasileiras.