Museu e universidade : quais discursos significam e ressignificam o percurso da formação inicial de professores?

Abstract

Os museus são considerados instituições de caráter público que cumprem um papel social situado na interseção entre cultura, lazer e educação. Por meio de diferentes estratégias buscam mobilizar o patrimônio cultural e criar espaços de diálogo com a sociedade. Nas últimas décadas, o investimento em pesquisas em educação em museus e centros de ciências apontam esses espaços como aliados potentes nas práticas pedagógicas no ensino de ciências e na divulgação científica. Essa questão pode estar relacionada com a ênfase em uma dimensão formativa que agregue variados contextos educativos, incentivando o acesso e a interação com o patrimônio musealizado. Um segmento importante a ser considerado nas práticas museais refere-se a universidade e a participação da licenciatura. Desse modo, objetiva-se investigar os discursos sobre professores em formação que estão presentes nos processos que abrangem licenciandos em Ciências Biológicas, que envolvem dois contextos educativos diferentes, o museu e a universidade. A pesquisa está pautada em uma abordagem qualitativa e os referenciais teóricos de análise estão fundamentados nos estudos de divulgação científica, educação museal e na perspectiva sócio-histórica da linguagem de Bakhtin e o Círculo. Considerando os critérios de elegibilidade, o universo do estudo foi composto por profissionais que atuam em setores educativos de dois museus de ciências localizados na cidade do Rio de Janeiro – o Museu da Vida Fiocruz, da Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz e o Museu Nacional/UFRJ – e docentes que lecionam disciplinas em cursos de licenciatura de Ciências Biológicas em instituições públicas A entrevista semiestruturada foi o principal instrumento de pesquisa utilizado, o que nos permitiu aprofundar conhecimentos sobre a produção de sentidos dos sujeitos. A partir das análises realizadas foi possível identificar a emergência de sentidos dos enunciados, por meio de marcas que mostram as ideias e enfoques de cada entrevistado. Os resultados indicaram 3 eixos de sentidos: 1) Educação em museus: posições valorativas e interlocutores, 2) Atividades com foco em professores e licenciandos, 3) Perspectivas sobre processos educativos que envolvem professores em formação/licenciandos. O estudo possibilitou compreender que a educação museal é composta por diversas vozes sociais que imprimem ênfases nas produções de sentido dos sujeitos e que irão fundamentar as ações educativas. Com relação às atividades, estas são compostas por ações e cursos na perspectiva da formação continuada, programas direcionados a formação inicial e iniciativas com foco em visitas realizadas com turmas de educação básica e de licenciatura. Verificou-se esforços individuais de docentes e educadores para realização de atividades conjuntas e tensionamentos que dizem respeito a necessidade de institucionalização das relações entre museu e universidade. A pesquisa pretende contribuir com a produção acadêmica sobre a relação entre museus de ciências, universidades e professores, mobilizando conhecimentos sobre a constituição de discursos nessa interface e buscando potencializar a formação humana com base em reflexões sobre as práticas.