Manual técnico para otimização do fluxo de amostras para diagnóstico anatomopatológico frente a epidemias de doenças infecciosas emergentes: a experiência do Serviço de Anatomia Patológica nos surtos de febre amarela em primatas não humanos

Abstract

A emergência de novas doenças infecciosas e a reemergência daquelas que provocaram grandes epidemias no passado têm sido um desafio aos programas de vigilância. Nessa conjuntura, os surtos de febre amarela ocorridos entre 2017 e 2018 levaram a um aumento expressivo do quantitativo de amostras recebidas pelos laboratórios da rede de Laboratórios de Referência, incluindo o Serviço de Anatomia Patológica (SeAP) do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI), gerando uma demanda reprimida e atraso no tempo de resposta diagnóstica. Dessa forma, mecanismos de controle da qualidade das atividades laboratoriais foram reformulados e intensificados para a otimizar o fluxo dos processos relacionados ao diagnóstico histopatológico e imuno-histoquímico e garantir uma resposta ágil e efetiva aos órgãos de vigilância. Neste contexto, o objetivo deste estudo foi elaborar um manual técnico para otimização do fluxo laboratorial de amostras para diagnóstico anatomopatológico frente a situações emergenciais, com base na experiência do SeAP/INI nos surtos de febre amarela em primatas não humanos (PNH). O mapeamento do processo foi realizado para identificar e categorizar os pontos críticos no fluxo técnico do laboratório e implementar ações para melhoria. Os dados referentes ao tempo de resposta diagnóstica foram extraídos das amostras de PNH recebidas pelo SeAP no período de janeiro de 2017 a junho de 2018 e utilizados para o cálculo de indicadores de desempenho para avaliar a implementação das alterações do processo no fluxo de amostras, com base no tempo médio de resposta diagnóstica e no percentual de resultados com atraso. Dentre os pontos críticos determinados, destacam-se a morosidade nos processos de aquisição de insumos, a equipe sem treinamento para atuar em altas demandas, a falta de equipamentos de reserva para agilizar os processos, o espaço da área técnica reduzido, a padronização de anticorpos e a desagregação das amostras de um mesmo caso ao longo de todo o processo. A identificação dos pontos críticos e a implementação de mudanças, aliadas a manutenção do sistema da qualidade, se refletiu na diminuição do tempo de resposta diagnóstica e do percentual de resultados fora do prazo. Em vista disso, o manual foi desenvolvido para que possa nortear e contribuir para o manejo de surtos em laboratórios de anatomia patológica, ampliando sua capacidade de resposta frente a situações de emergência em saúde pública