Avaliação da estratégia materna de enfrentamento à confirmação de infecção pelo vírus Zika na gravidez e suas implicações no neurodesenvolvimento das crianças expostas e nascidas sem microcefalia

Abstract

Introdução: A partir do ano de 2015 foi verificado um aumento significativo no número de casos de microcefalia neonatal, possivelmente relacionados ao vírus Zika, emergindo como um problema de saúde mundial. As investigações sobre a relação entre a infecção pelo vírus Zika e as lesões congênitas em recém-nascidos, principalmente levando à microcefalia, foram expandidas, com o intuito de verificar não somente a dimensão das lesões induzidas pela infecção, mas sua associação com os períodos de maior desenvolvimento do sistema neurológico. Fatores inerentes ao hospedeiro, à virulência viral, ao estado imune das mães, como exposição prévia ao vírus Zika, bem como ao tempo entre infecção e nascimento do bebê, podem influenciar a variação no acometimento do feto e, portanto, as anomalias congênitas observadas. Diversos estudos mostraram alterações graves no desenvolvimento neuropsicomotor das crianças afetadas, não apenas a microcefalia e a paralisia cerebral, mas comprometimento em outras áreas do desenvolvimento, como o desenvolvimento da linguagem. Estar grávida e infectada pelo vírus Zika torna-se um grande fator de estresse para essas mulheres, pelo conhecimento do risco de poderem ter um bebê com graves alterações do desenvolvimento neuropsicomotor. Objetivo: Este estudo propõe avaliar a estratégia de enfrentamento a essa situação de insegurança e estresse utilizada por mulheres grávidas ao se descobrirem infectadas pelo vírus Zika durante agestação, os resultados da avaliação psicométrica dos seus filhos/as, nascidos sem microcefalia, aos dois anos de idade, e se o modo como elas enfrentaram essa adversidade contribuiu para modificações nestas avaliações Métodos: Estudo transversal a partir de uma coorte em acompanhamento no Instituto Nacional da Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira – FIOCRUZ no projeto “Exposição vertical ao Zika vírus e suas consequências no neurodesenvolvimento”. A estratégia de enfrentamento utilizada pelas mulheres foi avaliada pelo Inventário Brief Cope, e a avaliação psicométrica do desenvolvimento pelas Escalas Bayley III de Avaliação do Desenvolvimento Infantil. Resultados: A amostra foi composta por 41 mães com idade média de 41 anos. Com relação ao desenvolvimento das crianças, a escala que apresentou maior pontuação média foi a motora com 91,30, em seguida a escala cognitiva com 90,85, sendo a escala de linguagem a que teve a menor pontuação com 83,96 Foi observado que as estratégias mais utilizadas pelas mães foram “Planejamento”, Reenquadramento Positivo”, “Auto-Culpabilização” e “Religião"