Inquérito sobre condições de biossegurança/controle de infecção para COVID-19 e Tuberculose em unidades de saúde no município do Rio de Janeiro: um olhar dos profissionais da saúde

Abstract

As Unidades de Atenção Primária são a porta de entrada do Sistema Único de Saúde. Portanto, são a linha de frente para o atendimento tanto para os casos de tuberculose quanto aos de COVID-19. Ambas são doenças infectocontagiosas e, portanto, as medidas de controle de infecção são importantes para a redução do risco ocupacional e dos pacientes. No entanto, há poucos estudos sobre o olhar do profissional em seu ambiente de trabalho. Objetivo: O objetivo principal é analisar a percepção dos profissionais de saúde relativa às condições de biossegurança/controle de infecção em seu ambiente de trabalho. Método: Estudo observacional, do tipo inquérito, em profissionais de saúde lotados em unidades de Atenção Primária à Saúde do município do Rio de Janeiro. Os dados foram coletados por meio de um formulário sistematizado, do software KoBo Tool Box, de preenchimento em tempo real, online. A construção do formulário abordou dados relativos ao perfil sociodemográfico, atividade profissional, características da Unidade, moradia e transporte. A população de estudo incluiu profissionais de saúde do município do Rio de Janeiro/RJ, que no momento da pesquisa estavam atuando em unidades de saúde do Sistema Único de Saúde (SUS), que realizavam atendimento para casos de Tuberculose e COVID-19 e que tinham acesso a algum equipamento digital com internet (celular, computador, tablet). À análise, para variáveis qualitativas, fez-se o cálculo de frequências absolutas e relativas; e, para as quantitativas, as medidas resumo (média, mediana, quartis e desvio padrão). Resultados: Foram incluídos 572 profissionais com predominância do sexo feminino (82,24%), de residentes em domicílios com mais de 4 cômodos (74,21%), com mobilidade urbana distribuída entre a não utilização de transporte devido a proximidade do trabalho (37,25%) e do uso de apenas um meio de transporte (34,94%) e dentre este, onibus com ar condicionado (46,79%). Em relação aos vínculos de trabalho, 79,9% dos profissionais relataram apenas um vínculo. Quanto às medidas administrativas de controle de infecção, evidenciou-se presença de fluxos operacionais para diagnóstico de ambas as doenças, porém a organização de serviço foi maior relacionada à COVID-19 do que Tuberculose. Em relação às medidas ambientais, relacionadas à ventilação e trocas aéreas, não houve a implantação conforme preconizado. As medidas de proteção respiratória foram implementadas sistematicamente na pandemia embora não houvesse orientação quanto ao período de utilização necessário e a forma de avaliar a efetividade da máscara. Conclusão: A incorporação de medidas de biossegurança/controle de infecção nas Unidades necessita ser implementada de forma mais abrangente para a redução do risco de transmissão nosocomial.