Fomento às feiras e mostras científicas: revelações dos editais e chamadas do CNPq no período de 2010 a 2021

Abstract

Políticas públicas de popularização da ciência tem um papel fundamental para a proposição e manutenção de ações que visem fortalecer a inclusão social, o debate, a participação pública e o engajamento da sociedade em temas de ciência e tecnologia. No Brasil, as chamadas públicas de popularização da ciência têm sido, especialmente a partir de 2003, parte essencial desse esforço interinstitucional, como as chamadas de feiras e mostras científicas; da semana nacional de ciência e tecnologia; das olimpíadas de Ciências; dos centros e museus de ciência e espaços científico-culturais. O presente estudo enfocou um conjunto de chamadas anuais de feiras e mostras científicas do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq no período de 2010 a 2021, no que se refere aos recursos, parcerias, e de modo especial aos públicos a que se destinam. Por meio da análise de dados e da análise textual discursiva, os resultados revelam desafios nos que se refere às parcerias para o cofinanciamento e aos recursos disponíveis aos projetos, que decresceram nos últimos cinco anos do período estudado. Por outro lado, revela-se um esforço persistente do CNPq de manter esta ação de fomento e incrementar os termos para a inclusão social de diferentes modos: (a) valorização de propostas das regiões norte, nordeste e centro-oeste; (b) estímulo a projetos voltados aos povos e comunidades tradicionais, moradores de áreas rurais e periferias urbanas, pessoas com deficiência e meninas/mulheres; (c) estímulo à apresentação de projetos por meninas, bem como equipes mistas, especialmente nas áreas de Ciências Exatas, Engenharias e Computação; (d) estímulo à cultura indagativa e crítica, própria da ciência e outras questões próprias da sociedade, como gênero e raça; (e) previsão de atividades nas áreas de etnociências, tecnologia social, tecnologia assistiva e empreendedorismo; (f) garantias de atendimento à legislação de acessibilidade; (g) envolvimento majoritário de alunos de escolas públicas da Educação Básica (ensino infantil, fundamental e/ou médio); (h) estímulo à participação de alunos de escolas públicas, especialmente com baixo Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), e de alunos de municípios remotos e/ou com baixo Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM). Ao destacar-se o empenho do CNPq na manutenção desta importante ação de fomento à educação e divulgação científica, em perspectivas de inclusão social e de gênero, percebe-se a oportunidade do aprimoramento das ações de fomento à divulgação científica que considerem a diversidade da população brasileira em seus aspectos cultural, étnico, regional e social, bem como seus diferentes contextos, por meio da menção à inclusão dos povos historicamente excluídos e da incorporação das diretrizes de políticas públicas de equidade social, racial, de classe e de gênero.