Perfil da população infectada por tuberculose antes e durante a pandemia de COVID-19, na comunidade da Rocinha, Rio de Janeiro, Brasil

Abstract

A tuberculose, encontra-se entre as doenças infectocontagiosas que mais levam à óbito no mundo. A infecção, o agravo da doença e a disseminação da bactéria estão relacionadas com as condições de saúde precária, a alguns hábitos e aos determinantes sociais da saúde, dessa forma, as comunidades, incluindo a Rocinha, são espaços vulneráveis para o desenvolvimento desta doença. Em 2015, no Brasil, o Ministério da Saúde lançou o Plano Nacional para o Fim da Tuberculose, objetivando a redução da incidência e da mortalidade até 2035. Frente à pandemia de COVID-19, as dificuldades de enfrentamento à doença foram ainda maiores, principalmente no que diz respeito ao seu diagnóstico. Sendo assim, a partir da análise de banco de dados secundários de acesso aberto o objetivo do presente estudo foi descrever o perfil sociodemográfico da população infectada por tuberculose pulmonar, além da epidemiologia da doença, em três períodos distintos: antes, durante e após a Emergência de Saúde Pública de Interesse Internacional da COVID-19, na Rocinha, Rio de Janeiro, Brasil. Por meio de estatística descritiva e inferencial, foram analisadas variáveis sociodemográficas, de diagnóstico e epidemiológicas. Os resultados mostraram que não há diferença estatística significativa entre o número de casos de tuberculose pulmonar notificados no período antes e durante a Emergência de Saúde Pública de Interesse Internacional, apesar de ser observada uma tendência de aumento do percentual da doença. Em relação aos dados sociodemográficos, há predominância de casos do sexo masculino, de indivíduos negros e da faixa etária de 20 a 39 anos. Quanto ao diagnóstico da doença no período anterior à pandemia, foram mais utilizadas a baciloscopia e a cultura de escarro, e no período pandêmico foi o Teste Rápido Molecular para Tuberculose. Em ambos os períodos, cerca de 80,0% dos casos foram encerrados com cura, porém o percentual de abandono do tratamento aumentou no período da pandemia. Após este evento, o padrão de características sociodemográficas e de diagnóstico foram semelhantes aos períodos anteriores. Em relação aos dados epidemiológicos, há a necessidade de se acompanhar os mesmos para saber se o número de casos continuará a aumentar na comunidade. Em conclusão, a partir dos dados analisados, a pandemia de COVID-19 não influenciou no número de casos novos de tuberculose pulmonar notificados pelas Unidades Básicas de Saúde da comunidade da Rocinha, mas possivelmente inseriu dificuldades no manejo da doença. Necessitando assim de maior atenção para que a tuberculose deixe de ser um problema de saúde pública enfrentado pela comunidade.