A luta de Mário Victor de Assis Pacheco contra a desnacionalização da indústria farmacêutica e o controle populacional (1968-1985)

Abstract

Esta dissertação de mestrado trata da trajetória intelectual do pouco pesquisado médico e militar Mário Victor de Assis Pacheco (1909-1986). Crítico ferrenho à desnacionalização da indústria farmacêutica por ameaçar a soberania do país nesse setor e ao controle populacional pelo caráter neocolonialista e racista, considerava imperialistas essas políticas das nações consideradas desenvolvidas. Por meio da trajetória intelectual do médico Mário Victor de Assis Pacheco este estudo teve o objetivo em adentrar no seio dos debates acerca das questões populacionais no país e no mundo, e do processo da desnacionalização das empresas farmacêuticas no Brasil. O recorte da pesquisa compreende o período entre 1968 e 1985, durante o qual Assis Pacheco publicou oito livros cujo temas centrais eram a desnacionalização da indústria farmacêutica e o controle populacional. Periódicos, livros e cartas também foram utilizados para compreender as discussões do período citado, principalmente, o debate entre natalistas e antinatalistas. Vivendo no contexto de Guerra Fria a tensão geopolítica reverbera no país com o golpe civil-militar em 1964. Neste cenário, Assis Pacheco foi reformado como coronel, devido ao seu alinhamento com ideias progressistas como a nacionalização da indústria e a reforma agrária. Atuando na função de Secretário-Geral da Associação Médica do Estado da Guanabara, posteriormente Associação Médica do Estado do Rio de Janeiro, Mário Victor de Assis Pacheco denunciou a evasão de divisas causadas pelas multinacionais farmacêuticas, os casos de esterilização de mulheres pobres pela BEMFAM e se colocou a favor dos cientistas da Fiocruz perseguidos pelo Regime Militar no episódio conhecido como “O Massacre de Manguinhos” O estudo envolveu assuntos sobre a ética médica; as motivações nacionais e internacionais do controle populacional; as práticas racistas; machismo; esterilização; fome e saúde pública.