Marcolino Gomes Candau e a Organização Mundial da Saúde durante a Guerra Fria (1953-1973): um ator brasileiro na consolidação da autoridade sanitária global

Abstract

Durante a Guerra Fria, a Organização das Nações Unidas (ONU) desempenhou um papel importante nas relações internacionais, e a Organização Mundial da Saúde (OMS) emergiu como uma agência especializada fundamental em 1948. No entanto, pouco se estudou sobre a atuação da OMS e seu segundo Diretor-geral, Marcolino Gomes Candau, nesse contexto. Esta tese apresenta uma análise da condução de Candau, destacando suas ações e posicionamento diante das disputas dentro da Organização a respeito de diferentes assuntos. Candau, médico brasileiro, ascendeu rapidamente em sua carreira, tendo atuado na saúde pública no estado do Rio de Janeiro e passado por um período de formação nos Estados Unidos. Ocupou o cargo de Diretor-geral assistente na OMS e no Escritório Sanitário Pan Americano antes de assumir a Direção-geral da OMS, na qual ficou por vinte anos, de 1953 a 1973. Durante sua gestão, Candau liderou as campanhas de erradicação da malária e da varíola, deu destaque ao investimento em pesquisa médica, às ações de planejamento familiar, aos esforços de formação e treinamento de profissional e ao desenvolvimento dos serviços nacionais de saúde. Esta tese coloca Candau como um importante intermediário da mudança da saúde internacional para a saúde global e para a consolidação da OMS como uma autoridade sanitária por suas contribuições para projetar a OMS no cenário internacional, atrair novos Estados-membros, envolver outros atores, como fundações e instituições de pesquisa e formação, e passar a investir em outros campos na saúde, para além da erradicação de doenças A pesquisa baseou-se na análise de fontes primárias, como atas, relatórios, memorandos, diários e documentos dos arquivos da OMS, Fundação Rockefeller e arquivo pessoal de Candau, para apresentar a concepção de Candau a respeito da saúde e das ações que julgava necessárias para melhorar a situação dos países, e refletir sobre sua habilidade para equilibrar os debates e pautar as temáticas no momento mais adequado.