Indicadores de qualidade na logística de recebimento de medicamentos como ferramenta aplicada à segurança do paciente

Abstract

As etapas de distribuição e transporte podem influenciar diretamente na segurança e eficácia dos medicamentos ofertados aos pacientes ambulatoriais ou internados. A avaliação crítica destas etapas pode auxiliar na garantia da qualidade de medicamentos oferecidos em instituições de saúde. O objetivo desse trabalho foi elaborar indicadores de qualidade da logística de recebimento de medicamentos adquiridos pelo Serviço de Farmácia do INI/Fiocruz (SEFARM). A elaboração dos indicadores foi realizada em duas etapas: (1) Análise retrospectiva dos documentos administrativos referentes a entregas de medicamentos do SEFARM no ano de 2017 e (2) Validação dos indicadores propostos por meio de duas rodadas de consenso pelo Método Delphi. No ano de 2017 foram recebidos no SEFARM 455 entregas de medicamentos, sendo 82,4% destas finalizadas na primeira tentativa. Uma ou mais não conformidades estavam presentes em 45,5% das entregas. Das 80 entregas de medicamentos não recebidas, houve reincidência de recusa em 37,5% para a segunda tentativa e 6,2% para a terceira tentativa de entrega. Os principais motivos de não recebimento e de não conformidades foram respectivamente: medicamentos fora da faixa de temperatura (89,3%), medicamentos recebidos em quantidades divergentes das descritas em nota fiscal (4,8%), medicamentos com menos de 70% da validade plena na data de entrega (43,4%) e medicamentos recebidos sem laudo de análise técnica (43,4%). Estas não conformidades foram eleitas para a proposição de indicadores a serem submetidas ao consenso de especialistas. Foram validados três indicadores: medicamentos fora da faixa de temperatura; medicamentos com prazo de validade para utilização no ato do recebimento ≤ 30% de sua vida útil e medicamentos recebidos sem laudo de análise técnica. Espera-se que a utilização destes indicadores possa contribuir com a garantia da qualidade e segurança dos medicamentos disponibilizados nas instituições de saúde