Desenvolvimento de um aplicativo web para avaliar o determinante da heterogeneidade espacial de hanseníase no Brasil

Abstract

Introdução: A hanseníase é a principal causa de incapacidade induzida por uma doença infecciosa. Apesar da doença não ser considerada um dos principais problemas de saúde pública pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em países de baixa renda ainda existe um elevado número de indivíduos infectados. Devido às características específicas desses países, a identificação de determinantes de distribuição da doença é fundamental para reduzir sua incidência. Assim, nosso objetivo é fornecer uma visão abrangente dos fatores associados à heterogeneidade espaço-temporal dos casos de hanseníase no Brasil. Objetivo (s): Utilizando dados desidentificados de casos de hanseníase notificados no Sistema Brasileiro de Notificação e Agravos (SINAN) nós ajustamos um modelo bayesiano hierárquico com três possíveis determinantes: (i) cobertura do bolsa família, (ii) percentual de pessoas abaixo da linha da pobreza e (iii) densidade de Unidade Básica de Saúde (UBS). Um aplicativo web baseado em shiny foi desenvolvido para visualizar os resultados do modelo. Material e Métodos: De janeiro de 2015 a dezembro de 2021, foram notificados 177.395 casos de hanseníase no Brasil. Identificamos um padrão heterogêneo no risco relativo (RR) da incidência de hanseníase entre as diferentes regiões do país. A região centrooeste apresentou o maior RR durante o período de estudo. Por outro lado, a região Sul foi a região com menor RR para hanseníase, seguida pela região Sudeste, com valores de RR abaixo de 0,84 (95% CrI 0,81 - 0,87). Além disso, observamos que o aumento de 1% na cobertura do bolsa família reduz a incidência de hanseníase em 3%. Resultados e Conclusão: De janeiro de 2015 a dezembro de 2021, foram notificados 177.395 casos de hanseníase no Brasil. Identificamos um padrão heterogêneo no risco relativo (RR) da incidência de hanseníase entre as diferentes regiões do país. A região centro-oeste apresentou o maior RR durante o período de estudo. Por outro lado, a região Sul foi a região com menor RR para hanseníase, seguida pela região Sudeste, com valores de RR abaixo de 0,84 (95% CrI 0,81 - 0,87). Além disso, observamos que o aumento de 1% na cobertura do bolsa família reduz a incidência de hanseníase em 3%. Nossos resultados indicam que os programas de transferência de renda impactam significativamente na situação da hanseníase e estão associados à redução de casos nas regiões do país, sugerindo que as intervenções públicas têm um papel fundamental no controle de doenças infecciosas.