Perfil sociodemográfico e epidemiológico das pessoas acometidas pela hanseníase em um Distrito Sanitário do município de Recife

Abstract

Introdução: A hanseníase é uma doença crônica, curável, infectocontagiosa, altamente incapacitante e de lenta evolução, causada pelo mycobacterium leprae e caracterizada por sua baixa patogenicidade. O seu grande potencial de causar incapacidades físicas, as quais evoluem para deformidades, tiram a aptidão para o trabalho, limitam a vida social e causam consequências psicológicas. A hanseníase é, portanto, um problema de saúde pública diretamente atrelado ao nível de desigualdade social da população. Objetivo: caracterizar os perfis sociodemográfico e epidemiológico das pessoas acometidas pela hanseníase no Distrito Sanitário VII, do município de Recife, Pernambuco, no período de 2014 a 2022. Método: propôs-se aqui um estudo do tipo observacional, retrospectivo e descritivo sobre os casos notificados de hanseníase no espaço e no tempo, a partir da análise de dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). Resultados: entre 2014 e 2022, houve 708 casos de hanseníase notificados, para o Distrito Sanitário VII, dos quais 558 foram casos novos. A taxa de detecção anual de casos novos, da população geral, durante os cinco primeiros anos se mostrou como muito alta, passando a ser uma hiperendemia em 2019, o que decaiu a partir de 2020 para alta, devido à pandemia. Em menores de 15 anos, a taxa de detecção anual de casos novos se mostrou mais crítica, uma vez que, na maioria dos anos, ela se caracterizou como hiperendêmica. O perfil sociodemográfico e epidemiológico das pessoas acometidas pela hanseníase no Distrito Sanitário VII pode ser descrito como de predominância feminina, de indivíduos nas idades de 30 a 59 anos, de negros e de pessoas com escolaridade no nível fundamental. A maioria dos diagnosticados com o agravo apresentou a forma multibacilar dimorfa como a mais frequente entre a população do território. Considerações Finais: foram evidenciados níveis de hiperendemicidade durante o período destacado, o que reforça a existência de brechas na gestão e nos serviços de saúde para realizar os diagnósticos de forma precoce e o tratamento dessas pessoas e seus contatos.