Author
Affilliation
Publisher
Fiocruz/ENSP
Citation
COSTA, Nilson do Rosário; MOREIRA, Marcelo Rasga; GUIMARÃES, Raphael Mendonça. Adolescência e suicídio: um problema de saúde pública. Rio de Janeiro: ENSP/Fiocruz, 2024. Relatório de pesquisa.
Notes
A dinâmica demográfica no Brasil revela uma mudança significativa na estrutura etária da população, com redução da população jovem e aumento da população idosa. Desde a década de 1970, houve uma diminuição contínua da população infantil e juvenil, refletindo um processo de transição demográfica marcado pela queda das taxas de natalidade e aumento da longevidade. Em 2022, as crianças representavam apenas 13,03% da população, comparado a 29,28% em 1970, enquanto os adolescentes passaram de 23,80% para 13,81% no mesmo período. Essas mudanças têm implicações significativas para as políticas de saúde no Brasil, que precisam se adaptar para atender às necessidades de uma população que envelhece. Ao mesmo tempo, a diminuição da população jovem permite focar na saúde preventiva, educação nutricional e saúde mental nas escolas, promovendo um ambiente mais saudável e preparado para os desafios futuros. Neste contexto, é preocupante o aumento das taxas de suicídio entre adolescentes no Brasil nas últimas duas décadas. Embora as taxas de suicídio no Brasil tenham historicamente sido mais baixas do que em outros países, elas vêm crescendo, especialmente entre jovens adultos do sexo masculino em áreas urbanas. Estudos indicam que entre 2000 e 2015, houve um aumento de 47% na taxa de suicídio de adolescentes. A análise de tendências temporais revela um ponto de inflexão significativo em 2016, marcando uma transição para um aumento mais acentuado nas taxas de suicídio entre os jovens. As taxas de suicídio entre adolescentes (10 a 19 anos) são menores que entre jovens adultos (20 a 29 anos), mas o aumento proporcional foi mais significativo entre adolescentes. Este aumento é refletido na probabilidade de suicídio, que se igualou entre adolescentes e jovens adultos em 2019, e em 2022, os adolescentes passaram a apresentar uma probabilidade 21% maior de suicídio. Alguns fatores sociais e o impacto da pandemia de COVID-19 também influenciam essas tendências. O suicídio, como marcador de adversidade social, reflete rupturas nos contratos sociais e desconexões comunitárias, necessitando de uma abordagem intersetorial para prevenção e promoção da saúde mental. Por fim, destaca que os efeitos da pandemia no suicídio entre jovens ainda não estão completamente claros, sugerindo que o impacto pode se manifestar em médio e longo prazo.
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