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https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/66154
CARACTERIZAÇÃO CLÍNICO-LABORATORIAL E DA IMUNIDADE CELULAR DE PACIENTES COM ESQUISTOSSOMOSE HEPATOESPLÊNICA.
Schistosoma mansoni /imunologia
Imunidade Celular/imunologia
Oliveira, Nathália Werneck Cézar de | Date Issued:
2023
Advisor
Co-advisor
Comittee Member
Affilliation
Fundação Oswaldo Cruz. Instituto René Rachou. Belo Horizonte, MG, Brazil.
Abstract in Portuguese
A esquistossomose é uma das principais doenças tropicais negligenciadas. Na fase crônica da esquistossomose mansônica, a forma hepatoesplênica é responsável pelos casos mais graves da doença, afetando a vida produtiva dos indivíduos e trazendo considerável risco de morte. Diante da gravidade da doença, associada à sua complexidade imunológica e à escassez de estudos sobre essa área, o objetivo do presente estudo é caracterizar e correlacionar o perfil imunológico com os dados clínico-laboratoriais dos indivíduos avaliados. A população do estudo compreendeu 66 pacientes com esquistossomose hepatoesplênica (EHE) e, para uma melhor descrição dessa população dois subgrupos clínicos foram formados: 44 pacientes sem intervenção cirúrgica (SIC) e 18 pacientes esplenectomizados (ESPL). Os dados sociodemográficos e epidemiológicos foram obtidos por meio de entrevistas. Os dados clínicos e laboratoriais foram coletados do prontuário médico. Os dados hematológicos foram determinados por meio de coleta de sangue seguida de realização de hemograma completo. As amostras de sangue foram coletadas para a separação do plasma e obtenção das células mononucleares do sangue periférico (PBMC). No plasma foram quantificados os mediadores solúveis sistêmicos por Luminex. As PBMC foram utilizadas para o cultivo celular in vitro na ausência ou presença de antígeno solúvel de ovos do Schistosoma mansoni (SEA) e posterior marcação fenotípico-funcional de células T CD4+, T CD8+ e B CD19+ de memória e determinação do perfil de citocinas intracelulares. Dos 66 pacientes que participaram do estudo, 69,7% eram do sexo masculino, com mediana de idade de 50 anos. Todos os pacientes nasceram em áreas endêmicas e atualmente residem em Minas Gerais, sendo a maioria (83,3%) residente na mesorregião metropolitana de Belo Horizonte. Os dados clínicos mostraram que, no grupo EHE, as doenças do aparelho digestivo foram a comorbidade mais frequente (28,8%) e os betabloqueadores foram os medicamentos mais usados (81,8%). Além disso, a maioria dos pacientes apresentava varizes esofagogástricas (90,9%), sangramento por varizes esofagogástricas (74,2%) e foi submetida à tratamento endoscópico (77,3%). Todos os pacientes apresentavam fibrose periportal, com predominância do padrão F. A maioria dos pacientes apresentava diâmetro aumentado da veia mesentérica (55,6%) e da veia esplênica (60%). Esplenomegalia foi detectada em 92% dos pacientes. Para as contagens de plaquetas e linfócitos, os valores dos grupos EHE e SIC foram inferiores aos valores de referência. Eles foram significativamente menores que o grupo controle e o grupo ESPL, respectivamente. A maioria dos mediadores solúveis analisados estava significativamente diminuída no grupo EHE em comparação com o grupo controle. A análise das assinaturas de biomarcadores mostrou que o grupo ESPL exibiu percentual maior de mediadores solúveis altos produtores em comparação com os pacientes do grupo SIC e os indivíduos do grupo controle. Algumas destas alterações são exclusivas dos pacientes do grupo SIC (IL-10, CCL5, IL-9). A análise dos perfis fenotípico-funcionais de células T CD4+, T CD8+ e B CD19+ mostraram um aumento significativo do índice de células T CD4+IL4+ no grupo EHE em comparação ao grupo controle. A análise dos subgrupos revelou um aumento significativo do índice de estimulação de células T CD4+ early effector de memória (eEfCD4+) no grupo ESPL em relação ao grupo SIC e ao grupo controle, aumento significativo do índice de células T CD4+IL4+ no grupo SIC em relação ao grupo controle e aumento significativo do índice de estimulação de células B CD19+IL-10+ no grupo SIC em relação ao grupo ESPL. Em geral, os dados demonstraram diferenças clínicas, bioquímicas, ultrassonográficas, hematológicas e imunológicas relevantes em pacientes hepatoesplênicos e que há um perfil distinto de resposta imune em pacientes submetidos ou não a esplenectomia.
Abstract
Schistosomiasis is one of the main neglected tropical diseases. In the chronic phase of schistosomiasis mansoni, the hepatosplenic form is responsible for the most severe cases of the disease, affecting the productive lives of individuals and bringing considerable risk of death. Given the severity of the disease, associated with its immunological complexity and the scarcity of studies in this area, the objective of the current study is to characterize and correlate the immunological profile with the clinical and laboratory data of the evaluated individuals. The study population comprised 66 patients with hepatosplenic schistosomiasis (HSS). To better description of this population, two clinical subgroups were formed: 44 patients without surgical intervention (SIC) and 18 splenectomized patients (ESPL). Sociodemographic and epidemiological data were obtained by interviews. Clinical and laboratory data were collected from medical records. Hematological data were determined by a complete blood count. Blood samples were collected for plasma separation and obtaining of peripheral blood mononuclear cells (PBMC). Systemic soluble mediators were quantified in plasma by Luminex. PBMC were employed for in vitro cell culture in the absence or presence of soluble Schistosoma mansoni egg antigen (SEA) and subsequent determination of the phenotypic-functional profile of T CD4+, T CD8+, and B CD19+ memory cells besides of the intracellular cytokine profile. Of the 66 patients who participated in the study, 69.7% were male, with a median age of 50 years. All patients were born in endemic areas and currently reside in Minas Gerais, with the majority (83.3%) residing in the metropolitan mesoregion of Belo Horizonte. Clinical data showed that, in the EHE group, digestive system diseases were the most frequent comorbidity (28.8%) and beta-blockers were the most used drugs (81.8%). In addition, most patients had esophagogastric varices (90.9%), bleeding from esophagogastric varices (74.2%) and underwent endoscopic treatment (77.3%). All patients had periportal fibrosis, with predominance of the F pattern. Most patients had increased diameter of the mesenteric vein (55.6%) and splenic vein (60%). Splenomegaly was detected in 92% of patients. For platelet and lymphocyte counts, the values of the EHE and SIC groups were lower than the reference values. They were significantly smaller than the control group and the ESPL group, respectively. Most of the analyzed soluble mediators were significantly decreased in the EHE group compared to the control group. Analysis of biomarker signatures showed that the ESPL group exhibited a higher percentage of high-producing soluble mediators compared to patients in the SIC group and control subjects. Some of these alterations are exclusive to patients of the SIC group (IL-10, CCL5, IL-9). The analysis of the phenotypic-functional profiles of T CD4+, T CD8+, and B CD19+ cells showed a significant increase in the index of T CD4+IL4+ cells in the EHE group compared to the control group. The analysis of the subgroups revealed a significant increase in the stimulation index of the early effector memory CD4+ T cells (eEfCD4+) in the ESPL group compared to the SIC group and the control group. It was also observed significant increased index of CD4+IL4+ T cells in the SIC group compared to the control group, and a significant increase in the CD19+IL-10+ B cell stimulation index in the SIC group compared to the ESPL group. In general, the data demonstrated relevant clinical, biochemical, ultrasonographic, hematological and immunological differences in hepatosplenic patients, and that there is a differentiated profile of immune response in
patients submitted or not to surgical intervention for clinical and laboratory improvement of the disease.
DeCS
Esquistossomose mansoni/diagnósticoSchistosoma mansoni /imunologia
Imunidade Celular/imunologia
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