Diagnóstico da Doença de Chagas em amostras eluídas de papel filtro, empregando a metodologia FC-TRIPLEX CHAGAS/LEISH – IGG1.

Abstract

Diante da baixa especificidade dos testes sorológicos convencionais utilizados para o diagnóstico da doença de Chagas (CH), nosso grupo desenvolveu, uma abordagem sorológica não convencional inovadora, referida como FC-TRIPLEX Chagas/Leish IgG1 (TRIPLEX), para a detecção de anticorpos IgG1 anti-Trypanosoma cruzi, em plataforma única, por citometria de fluxo. O ensaio sorológico mostrou precisão e desempenho excelentes para o diagnóstico da CH. Diante disso, no presente estudo, nosso objetivo foi avaliar o desempenho e aplicabilidade da técnica TRIPLEX para o diagnóstico da CH, utilizando amostras eluídas de papel filtro (PF), em diferentes períodos de tempo e condições de armazenamento das amostras. Os resultados demonstraram que o ensaio utilizando amostras em PF pode gerar resultados equivalentes em comparação com TRIPLEX empregando amostras de soro, mas exigindo diluições das amostras apropriadas, de acordo com o período de tempo e condições de acondicionamento das mesmas. Nossos resultados demostraram que um mês após o armazenamento das amostras em temperatura ambiente (TA), a diluição 1:256 demonstrou a melhor performance do ensaio, enquanto que as armazenadas a TA após três meses, não apresentaram resultados confiáveis e equivalentes aqueles encontrados para os soros-referência. Nas amostras armazenadas a curto prazo (um e três meses) em freezer -20ºC, a diluição 1:512 demonstrou a melhor performance do teste. No armazenamento em longo prazo (6 meses e 1 ano) é recomendado somente o acondicionamento das amostras em freezer -20ºC, sendo que nessas condições a diluição de 1:2.048 apresentou resultados equivalentes ao TRIPLEX com os soro-referência. Em conclusão, os dados demonstram que a utilização de amostras em PF é uma ferramenta alternativa possível e essa abordagem pode ser aplicada no diagnóstico da CH com o ensaio TRIPLEX, utilizando-se amostras tanto armazenadas em TA (até um mês) quanto em freezer -20ºC (um mês até um ano). A metodologia poderá ser aplicada em estudos de campo, em áreas geográficas distantes e em locais com baixa infraestrutura laboratorial, tornando possível o diagnóstico nesses casos, através do envio das amostras em PF para laboratórios de referência para realização do diagnóstico da CH.