Alta hospitalar na Unidade Neonatal: uma análise situacional

Abstract

Os avanços tecnológicos vislumbrados nas últimas décadas e a qualificação profissional especializada prestada na unidade de intensiva neonatal favoreceram a melhoria na qualidade da assistência, bem como na redução da morbimortalidade dos recém-nascidos de risco e pré-termo, em contrapartida, houve um aumento no tempo de permanência na unidade neonatal, desde a internação, até o momento da alta destes bebês. Com isso, observa-se a separação deste recém-nascido de sua família o que pode gerar algumas repercussões negativas, tais como: diminuição do vínculo familiar e a restrição do desenvolvimento de habilidades dos pais para o cuidado ao recém-nascido, dificultando assim, o processo de alta hospitalar. Desta forma, o preparo para a alta deve ser iniciado o mais precoce possível, visto que a falta de interação entre a família e o recém-nascido podem refletir tanto na falta de habilidades cognitivas e emocionais, fundamentais para a manutenção do cuidado desta criança em seu domicílio. Este estudo aconteceu em uma unidade neonatal de referência para alto risco fetal e teve como objetivos, analisar o processo de alta hospitalar dos RN internados em uma unidade neonatal; descrever como ocorre o processo de alta hospitalar em uma unidade neonatal; identificar os cuidados preconizados pela equipe multidisciplinar no processo de alta hospitalar em uma unidade neonatal e verificar os fatores facilitadores e os que dificultam o processo de alta hospitalar. O estudo foi qualitativo e utilizou-se a análise situacional como ferramenta metodológica, associada à análise de conteúdo como técnica de apoio. Para a coleta de dados utilizou-se a pesquisa documental em prontuário, a observação não-participante, entrevistas semiestruturadas, realizadas com os pais dos bebês internados na UTIN e profissionais que atuavam na unidade. Como resultado, verificamos que o fortalecimento do vínculo e dos conhecimentos dos pais sobre os cuidados realizados no período de internação e próximo da alta hospitalar neonatal podem gerar inúmeros benefícios para o período de pós-alta, tais como: a redução do estresse paternal, o aumento da confiança e das habilidades no cuidado dos pais com seus filhos, e que estes precisam ser reforçados e estimulados pela equipe multiprofissional de forma contínua. No que se refere à transferência de cuidados da equipe para os pais no processo de alta hospitalar neonatal, se faz necessário o cuidado centrado na família, além de interlocução entre as esferas de poder (municipal, estadual e federal) para que haja continuidade do cuidado deste RN no pós-alta hospitalar. Concluímos que as iniciativas de reforço nas orientações e incentivo à participação dos pais nos cuidados ao recém-nascido pelos profissionais, o estímulo ao contato precoce com os seus filhos asseguram condições de interação favoráveis a este núcleo familiar. Além disso, a presença efetiva de outras esferas de cuidado e poder, precisam se fazer presentes para que possam subsidiar condições plenas para que estes pais sejam acolhidos e esses RN sejam cuidados de forma integral, universal e equânime, conforme descritos nos princípios básicos do SUS.