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https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/66285
EPIDEMIOLOGIA E CONTROLE DA LEISHMANIOSE VISCERAL NO MUNICÍPIO DE MONTES CLAROS, NORTE DO ESTADO DE MINAS GERAIS, BRASIL
Epidemiologia
Controle
Reservatórios Caninos
Lutzomyia longipalpis
Leishmania infantum
Epidemiology
Control
Canine Reservoir
Lutzomyia longipalpis
Leishmania infantum
Lutzomyia longipalpis
Leishmania infantum
Cães/parasitologia
Rocha, Marília Fonseca | Date Issued:
2020
Author
Advisor
Co-advisor
Comittee Member
Affilliation
Fundação Oswaldo Cruz. Instituto René Rachou. Belo Horizonte, MG, Brazil.
Abstract in Portuguese
A leishmaniose visceral (LV) é uma zoonose identificada como uma das mais importantes doenças de saúde pública no Brasil. As estratégias de controle podem ser flexíveis para cada região devido às características do reservatório, vetores e variedade de situações epidemiológicas. O município de Montes Claros, no estado brasileiro de Minas Gerais, é classificado como área de intensa transmissão de LV. Uma média de 26 casos humanos foram relatados por ano, no período de 2013 a 2017. No presente estudo foram investigados aspectos eco-epidemiológicos da LV e o impacto da adoção de medidas de controle em três bairros - Independência, Independência I e Independência II , durante dois anos (08/2015 - 07/2017). Cada bairro foi subdividido em quatro subáreas e diferentes medidas de controle foram aplicadas da seguinte forma: controle químico, manejo ambiental, controle químico concomitante com manejo ambiental, e nenhuma delas (subáreas controle). Foram realizadas capturas mensais de flebotomíneos em todas elas, antes e depois das ações de controle, e as quantidades capturadas foram utilizadas como indicadores populacionais. As capturas permitiram a caracterização da fauna local de flebotomíneos, avaliação da interferência climática na população, detecção de infecção natural por Leishmania e identificação da espécie de Leishmania circulante no vetor. Um total de 38.055 flebotomíneos foi capturado usando armadilhas luminosas CDC, sendo que 97,7% (37.172) foram Lutzomyia longipalpis. Quanto ao comportamento, 5.738 espécimes (15,1%) foram capturados dentro dos domicílios, demonstrando a adaptação do flebotomíneo ao ambiente doméstico. Embora tenha sido observada correlação positiva entre a população de flebotomíneos e as variáveis climáticas por mês, ela não foi estatisticamente significante (p> 0,05). Das 304 amostras agrupadas de flebotomíneos analisadas, apenas uma foi positiva para Leishmania infantum. A taxa mínima de infecção foi calculada em 0,015%. Reduções estatisticamente significantes foram observadas na população de flebotomíneos nas subáreas submetidas apenas ao manejo ambiental e associadas ao controle químico. Para determinar a taxa de positividade da leishmaniose visceral canina (LVC), foram realizados quatro inquéritos censitários (ICCs) em todas as subáreas, em intervalos de seis meses, dois antes e dois após as ações de controle propostas. O número total de cães examinados e a respectiva positividade por ICCs foram os seguintes: 1693 (9,6%), 1833 (6,1%), 1630 (9,6%) e 1511 (9,0%). Com relação às características fenotípicas dos cães, foram observadas frequências de LV mais altas na população avaliada de fêmeas, cães de dois a cinco anos de idade, mestiços e cães de tamanho médio e pelo curto. A infecção por Leishmania foi investigada em diferentes tecidos caninos
por métodos moleculares (LnPCR) e parasitológicos diretos. Uma amostra de 82 cães reativos foi necropsiada e fragmentos de pele, linfonodo, baço e medula óssea foram extraídos para exame. As taxas de positividade para o DNA de Leishmania variaram de acordo com o tecido usado como molde nas amplificações do DNA: 96,3% para o baço, 92,7% para a pele, 74,4% para os linfonodos e 67,1% para a medula óssea. Cães sintomáticos apresentaram maiores taxas de positividade quando comparados aos assintomáticos nos testes parasitológicos. O crescimento de Leishmania foi observado nas mieloculturas de 36 cães (43,9%). O exame parasitológico direto indicou a presença de Leishmania no baço (53,7%), pele (39,0%), linfonodo (37,8%) e medula óssea (25,6%). O parasito foi identificado como Le. infantum. Dos 641 cães com resultados sorológicos diferentes no DPP e ELISA oriundos dos ICCs, 477 foram acompanhados para avaliar possíveis alterações no status sorológico. Uma proporção variável dos animais divergentes (6,3% a 65,4%) mudou para um diagnóstico positivo ao final de nove meses. Posteriormente, amostras de conveniência de cães reativos, divergentes e negativos foram submetidas ao xenodiagnóstico para avaliar a infecciosidade ao vetor Lu. longipalpis. Cinco cães entre 10 (50,0%) do grupo positivo e 5 entre 17 (29,4%) do grupo divergente foram infecciosos para o vetor. Dados de infecção entomológica e canina associados à aplicação de medidas de controle contribuirão para uma melhor compreensão e prevenção da transmissão da LV em Montes Claros.
Abstract
Visceral leishmaniasis (VL) is a zoonosis identified as one of the most important public health diseases in Brazil. Control strategies might be flexible for each region due to reservoir characteristics, vectors and variety of epidemiological situations. The municipality of Montes Claros, in the Brazilian state of Minas Gerais, is classified as area of intense VL transmission. An average of 26 human cases were reported per year, from 2013 to 2017. In the present study, we investigated eco-epidemiological aspects of VL and the impact of control measures adoption in three neighborhoods - Independência, Independência I and Independência II, during two years (2015/08 - 2017/07). Each neighborhood was subdivided into four subareas each and different control measures were applied as follows: chemical control, environmental management, concomitant chemical control and environmental management, and none of them (control subareas). Monthly captures of phlebotomine sandfly were performed in all of them, before and after the control actions, and the amounts captured were taken as populational indicators. The captures allowed the characterization of local phlebotomine sandfly fauna, evaluation of climatic interference on the population, detection of natural Leishmania infection, and identification of the infecting Leishmania in VL vectors. A total of 38,055 sandflies were captured using CDC light traps, 97.7% (37,172) of which were Lutzomyia longipalpis. As for the behavior, 5,738 specimens (15.1%) were captured inside the domiciles demonstrating the adaptation of phlebotomine sand flies to domestic environment. Although a positive correlation was observed between the population of the phlebotomine sandflies and climatic variables per month, it was not statistically significant (p > 0.05). Among 304 pooled samples of sandflies analyzed, only one was positive for Leishmania infantum. The minimum infection rate was calculated as 0.015%. Statistically significant reductions were observed in the sandfly population in the sub-areas submitted to environmental management alone and associated with chemical control. To determine the positivity rate of canine visceral leishmaniasis (CVL), four canine census surveys (CCSs) were performed in all subareas, at six months intervals, two before and two after the proposed control actions. The total number of dogs examined and the respective positivity per CCS were as follows: 1693 (9.6%), 1833 (6.1%), 1630 (9.6%) and 1511 (9,0%). Concerning phenotypic characteristics, higher frequencies for CVL were observed for females, two- to five-years old dogs, mongrels, medium size and short-haired dogs. Leishmania infection was investigated in different canine tissues by molecular (LnPCR) and direct parasitological methods. A sample of 82 reactive dogs were euthanized, necropsied and fragments of skin,
lymph node, spleen and bone marrow were extracted for examination. Positivity rates for Leishmania DNA varied according to the tissue used as template in DNA amplifications: 96.3% for spleen, 92.7% for skin, 74.4% for lymph nodes and 67.1% for bone marrow. Symptomatic dogs showed higher positivity rates of compared to asymptomatic ones in parasitological tests. Leishmania growth was observed in myelocultures of 36 dogs (43,9%). Direct parasitological examination indicated the presence of Leishmania in spleen (53.7%), skin (39.0%), lymph node (37.8%), and bone marrow (25.6%). The parasite was identified as Le. infantum. Of the 641 dogs with different serological results in the DPP and ELISA from the ICCs, 477 were followed up to assess possible changes in serological status. A variable proportion of the divergent animals (6.3% to 65.4%) changed to a positive diagnosis at the end of nine months. Posteriorly, convenience samples of reactive, divergent and negative dogs were submitted to xenodiagnosis to assess for infectivity to Lu. longipalpis. Five dogs among 10 (50.0%) from the positive and 5 among 17 (29.4%) in the divergent group were infective for the vector. Entomological and canine infection data associated to control measures application will contribute to a better understanding and prevention of VL transmission in Montes Claros.
Keywords in Portuguese
Leishmaniose VisceralEpidemiologia
Controle
Reservatórios Caninos
Lutzomyia longipalpis
Leishmania infantum
Keywords
Visceral LeishmaniasisEpidemiology
Control
Canine Reservoir
Lutzomyia longipalpis
Leishmania infantum
DeCS
Leishmaniose Visceral /Epidemiologia & controleLutzomyia longipalpis
Leishmania infantum
Cães/parasitologia
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