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https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/66426
“O MEDO GESTOU A MINHA FILHA”: EXPERIÊNCIAS DE MULHERES QUE GESTARAM NO PRIMEIRO ANO DA PANDEMIA DA COVID-19 NO BRASIL
epidemiologia
Gravidez
Itinerário Terapêutico
Acessibilidade aos Serviços de Saúde
Entrevistas como Assunto
Azevedo, Thais Dias Carvalho Martins | Date Issued:
2023
Advisor
Affilliation
Fundação Oswaldo Cruz. Instituto Nacional de Saúde da Mulher da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
Abstract in Portuguese
Este estudo teve como objetivo registrar memórias de mulheres que passaram pela gestação durante o primeiro ano da pandemia da COVID-19 no Brasil. Para isso, buscamos a) compreender as experiências de mulheres que gestaram no primeiro ano da pandemia de COVID-19; b) discutir de que maneira a pandemia da COVID-19 e as políticas/ orientações e normativas a ela relacionadas afetaram o percurso gestacional das mulheres e c) descrever os percursos e discutir os arranjos relacionados ao Itinerário Terapêutico (IT) de mulheres que gestaram neste mesmo período, em busca do acesso ao cuidado, seja no SUS ou na saúde suplementar, considerando o pertencimento social das gestantes relacionado a questões raciais, idade, renda/classe social, escolaridade, ocupação e religião. Tratou-se de um estudo qualitativo, delineado nos períodos que ocorreram na primeira e segunda “onda” da pandemia no Brasil. Utilizamos um dos principais conceitos centrais em estudos socioantropológicos da saúde, o IT, como referencial teórico-metodológico. Realizamos entrevistas semi-estruturadas com onze mulheres que vivenciaram a gestação, entre março de 2020 a março de 2021 e que residiam no Estado do Rio de Janeiro. As entrevistas foram transcritas na íntegra e os dados produzidos foram utilizados para análises e comparações entre os elementos que se revelaram das entrevistas e observações, buscando possíveis componentes comuns e diferenças. Identificamos por meio das diferentes experiências e trajetórias narradas, que as mulheres que passaram pela gestação em um contexto de pandemia enfrentaram a intensificação do sentimento de abandono, medo e insegurança devido às incertezas e desinformação sobre a doença, dificuldades no acesso a consultas e exames pré-natais; necessidade de maior deslocamento devido a problemas de infraestrutura e nos serviços de saúde locais resultando em atrasos significativos na prestação de cuidados; restrições à autonomia na tomada de decisões sobre seus corpos e processos reprodutivos. Dessa forma, entendemos este trabalho contribui para uma discussão atual e relevante, em busca de aprimorar as práticas do cuidado, bem como o desenvolvimento de Políticas Públicas no campo da saúde. Além disso, buscamos contribuir para a redução de impactos futuros nas trajetórias de grupos considerados de risco, como o dessas mulheres que vivenciaram a gestação em meio a um cenário crítico de saúde pública sem precedentes.
Abstract
This study aimed to document the experiences of women who went through pregnancy during the first year of the COVID-19 pandemic in Brazil. To achieve this, we sought to, a) Understand the experiences of women who became pregnant during the first year of the COVID-19 pandemic; b) Discuss how the COVID-19 pandemic, as well as the associated policies, guidelines, and regulations, affected the gestational journey of these women; c) Describe and discuss the pathways and arrangements related to the Therapeutic Itinerary (TI) of women who experienced pregnancy during the same period, in search of access to care, whether in the Brazilian Unified Health System (SUS) or in private health services, taking into account their social belonging related to issues such as race, age, income/social class, education, occupation, and religion. This was a qualitative study, conducted during the periods corresponding to the first and second "waves" of the pandemic in Brazil. We relied on one of the central concepts in socioanthropological health studies, the TI, as a theoretical and methodological framework. We conducted individual semi-structured interviews with eleven women who experienced pregnancy between March 2020 and March 2021 and resided in the state of Rio de Janeiro. Participant selection followed a network approach, beginning with the distribution of a brief and explanatory research invitation among the researcher and advisor's contacts, and subsequently intentionally selecting women to ensure diversity of experiences. The interviews were transcribed in full, and the resulting data were used for analysis and comparison of elements that emerged from the interviews and observations, seeking commonalities and differences. Through the diverse experiences and narratives, we identified that women who went through pregnancy in the context of a pandemic faced intensified feelings of abandonment, fear, and insecurity due to uncertainties and misinformation about the disease. They encountered significant difficulties in accessing prenatal appointments and exams, a greater need for travel due to infrastructure issues and local healthcare services, resulting in significant delays in the provision of care. Additionally, they experienced restrictions on autonomy in making decisions about their bodies and reproductive processes. In this regard, we believe this work contributes to the current and relevant discussion, aiming to improve care practices and the development of public health policies. Furthermore, we seek to mitigate future impacts on the trajectories of groups considered at risk, such as these women who experienced pregnancy in the midst of an unprecedented public health crisis.
DeCS
COVID-19epidemiologia
Gravidez
Itinerário Terapêutico
Acessibilidade aos Serviços de Saúde
Entrevistas como Assunto
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