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https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/66621
COMO AS GESTANTES BENEFICIÁRIAS DO BOLSA FAMÍLIA PERCEBEM O PROGRAMA E SUAS REPERCUSSÕES NA SAÚDE E NA VIOLÊNCIA?
Santos, Helena Paula Guerra dos | Date Issued:
2019
Comittee Member
Affilliation
Fundação Oswaldo Cruz, Fiocruz Ceará, Mestrado Profissional em Mestrado Profissional em Saúde da Família, da Rede Nordeste de Formação em Saúde (RENASF)
Abstract in Portuguese
Na literatura existem relatos de desconhecimento das beneficiárias acerca de aspectos gerais do Programa Bolsa Família (PBF) e de interferências controversas deste programa na segurança alimentar e na experiência com a violência doméstica e comunitária. Constatada a lacuna de investigações com gestantes beneficiárias, objetivou-se analisar seu padrão de percepção sobre o programa, critérios de inclusão, condicionalidades da saúde e benefícios, bem como possíveis repercussões na saúde e na violência experenciada. Foi desenvolvido estudo transversal com abordagem quantitativa, em amostra probabilística de 354 gestantes de Fortaleza, acompanhadas na Estratégia Saúde da Família (ESF). Coletou-se dados sociodemográficos, percepções de acesso e qualidade do pré-natal, autopercepção da ingestão alimentar e experiência testemunhal e sofrida com a violência doméstica e comunitária, por meio da aplicação de formulários validados, em entrevista estruturada, nas dependências das Unidades de Atenção Primária à Saúde (UAPS), no período de outubro de 2018 a julho de 2019. O estudo foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da UniChristus, sendo aprovado mediante parecer n.º 2.758.702. A análise estatística foi feita em base eletrônica pelo STATA SE 14.2 As gestantes eram jovens (idade média 27 DP± 5,8); fortalezenses (74,9%); solteiras (38,7%) ou em união estável (36,7%); pardas ou negras (92,1%); católicas (45,2%) ou evangélicas (44,3%); ocupavam-se do lar (58,8%); com escolaridade de ensino médio (59,3%). A média de renda foi de R$706,44 (DP± 625,4); apresentaram média de 1,4 filhos (DP± 1,2); e recebiam do PBF valor médio de R$ 181,10 (DP ±88,2), há, em média, 45 meses (DP ±45,9). Observou-se que 74,5% das gestantes conheciam critérios de inclusão, 80,5% citaram condicionalidades da saúde corretas e 94% os benefícios do PBF. Quanto ao pré-natal, 80,9% foram captadas precocemente, 51% tiveram consulta odontológica, 89,5% realizaram todos os exames, 82% realizaram testes rápidos, 86,7% perceberam o pré-natal como bom e 25,1% participaram de palestras educativas. Em relação a segurança alimentar, 69% aumentaram consumo de frutas e sucos, 59% de cereais, 58% de leite e derivados, 57% de ovos e 55% de feijão. No tocante a experiência com a violência doméstica e comunitária, 17,2% sofreram insultos, 13,6% foram humilhadas, 13,3% foram empurradas, 43,2% viram agressão física e 22,6% sofreram assaltos com agressão física. Os achados permitiram concluir que as gestantes têm bom conhecimento sobre o PBF, com melhores resultados associados a realizações de palestras; o acesso e qualidade do pré-natal foi evidente, mesmo com limitações de acesso às palestras educativas, consulta odontológica e realização de ultrassom no Sistema Único de Saúde (SUS); o consumo alimentar refletiu aumento considerável de grupos alimentares mais saudáveis, conectando o PBF a promoção da segurança alimentar; a experiência com violência foi manifesta e real, com evidências de correlações positivas da violência com a baixa escolaridade, residência em regiões mais pobres, religião evangélica, baixa renda e ausência de vínculo matrimonial. Evidenciou-se potencial sinergia das ações de políticas públicas entre si, por meio da intersecção do PBF e da ESF, fortalecendo a Rede Cegonha, em atuação conjunta no empoderamento da gestante, promoção da segurança alimentar, redução da experiência com a violência e melhoria no acesso e qualidade do pré-natal.
Abstract
The literature contains reports of lack of knowledge of the beneficiaries about Bolsa Família Program´s (BFP) general aspects and controversial interference on food security and experience with domestic and community violence. Noting the lack of investigations with pregnant women beneficiaries, we aimed to analyze their pattern of perception about the program, its inclusion criteria, health conditionalities and benefits, as well as possible repercussions on health and violence experienced. A cross-sectional study with a quantitative approach was developed in a probabilistic sample of 354 pregnant women from Fortaleza, accompanied by the Family Health Strategy (FHS). Sociodemographic data, perceptions of access and quality of prenatal care, self-perception of food intake, and witnessed experience with domestic and community violence were collected through the application of validated forms, in a structured interview, in the facilities of the Care Units Health (UAPS), from October 2018 to July 2019. The study was submitted to the Research Ethics Committee (CEP) of UniChristus and was approved by Opinion Approval nº. 2,758,702. Statistical analysis was performed electronically by STATA SE 14.2. The pregnant women were young (mean age 27 SD ± 5.8); born in Fortaleza (74.9%); single (38.7%) or in stable union (36.7%); brown or black (92.1%); catholic (45.2%) or evangelical (44.3%); took care of the home (58.8%); with high school education (59.3%). The average income was R$ 706.44 (SD ± 625.4); had an average of 1.4 children (SD ± 1.2); and received from the PBF an average value of R $ 181.10 (SD ± 88.2), for an average of 45 months (SD ± 45.9). It was observed that 74.5% of the pregnant women met inclusion criteria, 80.5% cited correct health conditionalities and 94% the benefits of the BFP. As for prenatal care, 80.9% were caught early, 51% had dental consultations, 89.5% performed all examinations, 82% performed rapid tests, 86.7% perceived prenatal care as good and 25, 1% attended educational lectures. Regarding food security, 69% increased consumption of fruits and juices, 59% of cereals, 58% of milk and dairy products, 57% of eggs and 55% of beans. Regarding the experience with domestic and community violence, 17.2% were insulted, 13.6% were humiliated, 13.3% were pushed, 43.2% saw physical aggression and 22.6% were robbed and physical assaulted. The findings allowed us to conclude that pregnant women have good knowledge about the PBF, with better results associated with lectures; prenatal access and quality was evident, even with limitations on access to educational lectures, dental consultation and ultrasound in the Unified Health System (SUS); food consumption reflected a considerable increase in healthier food groups, connecting the BFP to the promotion of food security; the experience with violence was manifest and real, with evidences of positive correlations of violence with low education, residence in poorer regions, evangelical religion, low income and absence of marriage bond. Potential synergy of public policy actions was evidenced among themselves, through the intersection of the BFP and the FHS, strengthening the Stork Network, in joint action on the empowerment of pregnant women, promotion of food security, reduction of experience with violence and improvement in prenatal care access and quality.
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