Análise in vitro do potencial imunomodulador de microrganismos fotossintetizantes para a terapêutica da leishmaniose visceral canina

Abstract

A leishmaniose visceral (LV) é uma doença que acomete, majoritariamente, humanos e cães, possuindo caráter sistêmico e alta taxa de mortalidade quando não há tratamento. A investigação de novos alvos com potencial terapêutico ou imunomodulador para a doença é primordial, pois o tratamento existente é limitado a formulações onerosas e que apresentam alta toxicidade e severos efeitos adversos, sendo muitas vezes ineficazes. Nesse contexto, microrganismos fotossintetizantes (MFs) vêm sendo explorados na área da pesquisa e têm se mostrado promissores para a terapêutica de doenças parasitárias. O objetivo deste estudo foi avaliar in vitro o potencial imunomodulador e terapêutico de extratos brutos dos MFs Arthrospira platensis e Dunaliella tertiolecta para a leishmaniose visceral canina (LVC). Após o cultivo, os extratos foram obtidos através de sonicação, sendo em seguida filtrados e dosados. Os índices de seletividade (IS) dos extratos e da droga de referência (miltefosina) foram determinados a partir da concentração citotóxica de 50% (CC50) em células mononucleares do sangue periférico (PBMC) de oito cães saudáveis e da concentração inibitória de 50% (IC50) em promastigotas de Leishmania infantum. As PBMC dos cães também foram cultivadas e tratadas com os extratos, com o antígeno solúvel de L. infantum (LSA) e com a miltefosina em diferentes concentrações para investigação do potencial imunomodulador, através de expressão gênica (RT-qPCR), produção de citocinas (ELISA) e produção de óxido nítrico (NO). Verificou-se que a miltefosina demonstrou alta toxicidade para L. infantum (IC50 = 1,23 μg/mL), bem como os extratos (IC50 de A. platensis = 259,20 μg/mL; IC50 de D. tertiolecta = 53,75 μg/mL). Para as células caninas, os extratos demonstraram menor toxicidade (CC50 de A. platensis > 1000 μg/mL; CC50 de D. tertiolecta = 600,36 μg/mL) do que a miltefosina (CC50 = 285,81 μg/mL). Assim, os extratos de A. platensis e D. tertiolecta mostraram resultados promissores, exibindo baixa toxicidade para as células caninas, atividade contra L. infantum e estímulo de resposta imune, podendo ser considerados como potenciais candidatos terapêuticos para a LVC .