Busca da atividade antiviral de extratos vegetais e fúngicos, produtos naturais e sintéticos contra o vírus selvagem da febre amarela

Abstract

A vacina contra a febre amarela está disponível há anos, entretanto, surtos da doença ainda ocorrem mundialmente principalmente devido à baixa cobertura vacinal em várias áreas endêmicas. Algumas substâncias já foram descritas como ativas contra o vírus da febre amarela (YFV), entretanto, não existe nenhum fármaco específico para tratar pacientes infectados, que evoluindo para a fase tóxica da doença apresenta alta taxa de mortalidade. Cientes da necessidade e urgência para o desenvolvimento de antivirais contra o YFV, o objetivo desse estudo foi identificar a atividade in vitro a partir da triagem de 183 extratos brutos de plantas e fungos coletados no Brasil e continente Antártico. Para isso, células Vero-CCL81 foram infectadas com um YFV selvagem (wt-YFV), isolado de paciente hospitalizado, e tratadas com extrato bruto na concentração de 20 mg/mL (DMSO aq). A atividade antiviral e citotóxica dos extratos foi verificada pelo método observacional em microscópio óptico do efeito citopático (ECP) e método colorimétrico do MTT. Dez extratos testados (5,5%) apresentaram atividade contra wt-YFV. Para identificar substâncias ativas contra o vírus, o extrato de bulbo de Hippeastrum puniceum foi submetido ao fracionamento biomonitorado, por meio de cromatografia líquida de ultra alta performance acoplada a espectrometria de massas. A partir da análise das frações ativas foram anotadas várias substâncias como, trigonelina, bulbisina, ácido tetrahidroharman-3-carboxílico, 2,7-dimetoxihomolicorina e 3-O-acetilnarcissidina, cuja atividade contra o wt-YFV será investigada. Nesse trabalho, oito substâncias sintéticas e quarenta produtos naturais (PN) puros, selecionados baseado em propriedades antivirais relatadas na literatura ou de forma aleatória, foram testados contra o wt-YFV. Para isso, células Vero infectadas foram tratadas com dez concentrações distintas das substâncias, para a determinação de suas concentrações citotóxica 50 (CC50), concentração efetiva 50 (CE50) e índice de seletividade (IS) contra o wt-YFV. A forskolina, um PN (Coleus forskohlii -Lamiaceae), mostrou atividade inédita anti wt-YFV com IS > 8. Até o momento, a atividade antiviral da forskolina foi descrita apenas contra vírus Coxsackie e SARS-CoV. Posteriormente, o mecanismo de ação antiviral da forskolina contra o YFV será investigado.