Soroprevalência de SARS-Cov-2 e dos vírus Dengue, Zika e Chikungunya e impacto da pandemia de COVID-19 em doadores de um Hemocentro no Rio de Janeiro, 2019-2021

Abstract

Os estoques de sangue podem ser impactados por vários fatores, incluindo infecções virais, como SARS-CoV-2, que foi introduzido no país em 2020, e arboviroses causadas pelos vírus dengue (DENV), Zika (ZIKV) e chikungunya (CHIKV), que podem circular de forma assintomática. Estudos de prevalência em doadores de sangue oferecem uma oportunidade de avaliar não apenas o histórico de infecção, mas também de detectar infecções assintomáticas. Por isso, o objetivo dessa tese foi estudar a evolução temporal do número de doações, o perfil sociodemográfico dos doadores de sangue e, a soroprevalência e incidência mensal de SARSCoV2, e dos arbovírus DENV, CHIKV e ZIKV em doadores de sangue de um hemocentro, localizado no estado do Rio de Janeiro. Para a análise da evolução temporal das doações, foram revisadas informações sobre os doadores de sangue entre janeiro de 2019 e agosto de 2021 e os números de casos, óbitos e internações por COVID-19. A comparação dos perfis dos doadores foi realizada nos contextos pré e per-pandemiae a tendência ao longo das semanas explorada por modelos aditivos generalizados. Não foram encontradas diferenças nas características sociodemográficas dos doadores pré e per-pandemia e a redução na doação foi de 4,6% (IC 95%: 4,48% – 4,77%) Os modelos apresentaram um efeito não linear de queda do número de doações, mais acentuado quando o número de casos e internações por COVID-19 estavam elevados. Para analisar a soroprevalência e a incidência dos vírus foram analisadas 5200 amostras de doadores maiores de 18 anos, realizadas entre junho/2020 e junho/2021, residentes do município do Rio de Janeiro. Estas amostras foram submetidas a testes de detecção de anticorpos IgG para DENV e CHIKV, e de anticorpos neutralizantes para ZIKV e SARS-CoV- 2 pelo teste de neutralização viral, além de exames de RT-PCR para os arbovírus. A soroprevalência média no período foi de 41,3% para SARS-CoV-2, chegando a 70,6% em 2021. Para os arbovírus, a soroprevalência foi de 86,6% para DENV, 27,2% para ZIKV e 20,9% para CHIKV e não foi identificada a presença dos vírus nas amostras. A maior sosoprevalência encontrada para DENV foi na faixa etária acima de 30 anos. Estudos com doadores de sangue apresentam baixo custo e fácil execução, além de permitir a estimativa da incidência e soroprevalência de vírus e a identificação de grupos de maior risco para novos surtos.