Please use this identifier to cite or link to this item:
https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/67704
EFICÁCIA DA ANFOTERICINA B EM ADMINISTRAÇÃO LOCAL PARA O TRATAMENTO DA LEISHMANIOSE CUTÂNEA
Alves, Líndicy Leidicy | Date Issued:
2023
Author
Advisor
Co-advisor
Comittee Member
Affilliation
Fundação Oswaldo Cruz. Instituto René Rachou. Belo Horizonte, MG, Brazil.
Abstract in Portuguese
O arsenal terapêutico atualmente disponível para o tratamento da leishmaniose cutânea (LC) é reconhecidamente restrito e associado à significativa toxicidade. Regimes terapêuticos longos e administração por via parenteral vêm sendo considerados nos últimos anos estratégias a serem substituídas. Neste cenário, a busca por novas alternativas de tratamento para LC é considerada ação prioritária pela Organização Mundial da Saúde, que gradativamente vem incluindo abordagens locais entre suas recomendações de tratamento. O presente estudo teve como objetivo avaliar a eficácia e a segurança de tratamentos para LC baseados em anfotericina B (AnfB) em administração local. O estudo é composto por duas partes: revisão sistemática da literatura (RS) e estudo experimental avaliando AnfB em administração local para o tratamento da LC em modelo de hamsters (Mesocricetus auratus) infectados por Leishmania (Viannia) braziliensis. De forma sucinta, a metodologia da revisão sistemática seguiu as recomendações da convenção PRISMA e as diretrizes Cochrane. Buscas estruturadas foram realizadas no MEDLINE, Biblioteca Virtual em Saúde, Embase e base de estudos da biblioteca Cochrane a fim de identificar artigos originais avaliando a eficácia do tratamento local com AnfB para LC. Para os ensaios clínicos, foram incluídos estudos relatando as taxas de cura, enquanto para estudos pré-clínicos, qualquer descrição de desfecho clínico foi considerada. O estudo experimental consistiu nas seguintes avaliações: i) eficácia e segurança clínica de diferentes esquemas terapêuticos com anfotericina B desoxicolato (IL-Danf) e anfotericina B lipossomal (IL-Lanf), administrados por infiltração intralesional, em dose única (1), semanal (7) ou quinzenal (15), em comparação com antimoniato de meglumina 200mg Sb+5/Kg/dia (AM200) por via intraperitoneal e ii) eficácia e segurança clínica de nanoemulsões spray de anfotericina B em combinação binária com antimoniato de meglumina (AnfB6+AM12) ou paromomicina (AnfB3+PA10), em administração tópica. Os desfechos de interesse foram eficácia e toxicidade clínicas. A eficácia clínica foi avaliada pela magnitude da redução do tamanho da úlcera e calculada como a razão entre a média do maior diâmetro da úlcera dos animais em um mesmo grupo, no D56 (dia da eutanásia), e a média do maior diâmetro da úlcera no D1 (primeiro dia de tratamento). Na RS dos 8.583 estudos inicialmente identificados, 21 foram incluídos, sendo 16 pré-clínicos e cinco clínicos. Em relação aos ensaios pré-clínicos, as espécies de Leishmania avaliadas foram L (L.) major, L (L.) panamensis e L. (L.) amazonensis, a maior parte dos estudos utilizou o modelo com camundongo Balb/c, com infecção na base da cauda do animal. Cinco estudos avaliaram medicamentos comerciais, com ou sem a adição de adjuvantes farmacêuticos. Outros estudos avaliaram novas formulações produzidas artesanalmente em laboratório. Sobre a via de administração do tratamento, 11 estudos avaliaram a via tópica, seguido da intralesional, subcutânea e intradérmica. Diferenças metodológicas relevantes foram observadas entre os estudos, com destaque para o tempo entre a infecção e o início do tratamento dos animais, variando de 24 horas a 14 dias após a infecção. Dos cinco estudos em humanos incluídos, apenas um era controlado e randomizado, sendo os outros quatro, estudos experimentais não randomizados. A experiência clínica está concentrada no Irã, Índia e Colômbia, os estudos incluíram 22 a 93 participantes. A modalidade de administração foi infiltração intralesional e tópica em dois e três estudos, respectivamente. Em dois estudos, o tratamento tópico com AnfB foi comparado com antimoniato de meglumina por via intralesional (total de 162 pacientes), não sendo observada diferença entre as intervenções (OR: 1,7; 0,34–9,15, I2 = 79,1). A taxa de cura geral para administração local de AnfB foi de 56,9% [IC: 41,1 – 71,4%; I 2 = 82,8). Para o presente estudo experimental avaliando a AnfB em infiltração intralesional, a resposta clínica foi de 100% com a formulação lipossomal, tanto com intervalo semanal quanto quinzenal. Já com a formulação desoxicolato, a taxa de cura foi 11,6% com IL quinzenal (IL-Danf15) e 6,5% (IL-Danf1) com infiltração única. No estudo avaliando as nanoemulsões spray de AnfB, os animais tratados com anfotericina B associada à antimoniato de meglumina (Anf6+AM12) apresentaram cura completa (5/5). Já os animais tratados com nanoemulsão de anfotericina B associada à paromomicina (Anf3+PA10) tiveram redução de 95,5% (4/5) das lesões. Os resultados obtidos sugerem que a AnfB administrada localmente tem potencial para compor esquemas terapêuticos para LC, sendo necessários mais estudos clínicos com delineamento adequado.
Abstract
The currently available therapeutic arsenal for the treatment of cutaneous leishmaniasis (CL) is known to be limited and associated with significant toxicity. Prolonged therapeutic regimens administered parenterally are considered in recent years strategies to be replaced. In this scenario, the search for new treatment alternatives for CL is considered a priority action by the World Health Organization, which gradually includes local approaches among its treatment recommendations. The present study aimed to evaluate the efficacy and safety of treatments for CL based on amphotericin B (AnfB) in local administration. The study consists of two parts: a systematic review of the literature (SR) and an experimental study evaluating AnfB in local administration for treatment of CL in a model of hamsters (Mesocricetus auratus) infected by Leishmania (Viannia) braziliensis. Briefly, the review methodology followed the PRISMA recommendation and Cochrane guidelines. Structured searches were performed in MEDLINE, Virtual Health Library, Embase and Cochrane library study database to identify original articles evaluating the effectiveness of local treatment with AnfB for CL. For clinical trials, studies reporting such as cure rates were included, while for preclinical studies, any clinical outcome description was considered. The experimental study consisted of following evaluations: i) efficacy and clinical safety of different therapeutic schemes with amphotericin B deoxycholate (IL-Danf) and liposomal amphotericin B (IL-Lanf), administered by intralesional infiltration, in a single dose (1), weekly (7) or biweekly (15), in comparison with meglumine antimoniate 200mg Sb+5/Kg/day (AM200) intraperitoneally and ii) clinical efficacy and safety of amphotericin B spray nanoemulsions in binary combination with meglumine antimoniate ( AnfB6+AM12) or paromomycin (AnfB3+PA10), in topical administration. Outcomes of interest were efficacy and clinical toxicity. Clinical efficacy was evaluated by magnitude of lesions and wound size reduction as the ratio between the mean largest lesion diameter of the animals in the same group, on D56 (day of euthanasia), and the mean largest lesion diameter on the D1 (first day of treatment). In the SR of the 8,583 initially identified studies, 21 were included, 16 of which were preclinical and five clinical. Regarding the pre-clinical tests, the species of Leishmania were L (L.) major, L (L.) panamensis and L. (L.) amazonensis, most of the studies used the Balb/c mouse model, with infection at the base of the animal's tail. Five studies evaluated commercial drugs, with or without the addition of pharmaceutical adjuvants. Other studies evaluate new formulations produced by hand in the laboratory. Regarding the route of administration of the treatment, 11 studies evaluated the topical route, followed by intralesional, subcutaneous and intradermal. Relevant methodological differences were observed between the studies, with emphasis on the time between infection and the start of animal treatment, ranging from 24 hours to 14 days after infection. Of the five human studies included, only one was controlled and randomized, the other four being non-randomized experimental studies. Clinical experience is concentrated in Iran, India and Colombia, studies included 22 to 93 participants. The modality of administration was intralesional and topical infiltration in two and three studies, respectively. In two studies, topical AnfB was compared with intralesional meglumine antimoniate (total of 162 patients), with no difference being observed between interventions (OR: 1.7; 0.34–9.15, I2 = 79, 1). The overall cure rate for local administration of AnfB was 56.9% [CI: 41.1 – 71.4%; I 2 = 82.8). For the experimental study evaluating AnfB in intralesional infiltration, the clinical response was 100% with the liposomal formulation, both at weekly and biweekly intervals. With the deoxycholate formulation, the cure rate was 11.6% with biweekly IL (IL-Danf15) and 6.5% (IL-Danf1) with a single infiltration. No study evaluating how AnfB spray nanoemulsions, animals treated with amphotericin B associated with meglumine antimoniate (Anf6+AM12) showed complete cure (5/5). The animals treated with nanoemulsion of amphotericin B associated with paromomycin (Anf3+PA10) had a reduction of 95.5% (4/5) of lesions. The results obtained suggest that AnfB treated locally has the potential to compose therapeutic schemes for CL, requiring further clinical studies with adequate design.
Share